sexta-feira, 30 de outubro de 2009
CONTRA A CRIMINALIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
UJC nas eleições do DCE/UFSM
A campanha traz as seguintes bandeiras:
# Fiscalizar a aplicação dos recursos do REUNI e exigir educação de qualidade nos cursos que estão sendo criados com a expansão da Universidade;
# Defesa da eleição paritária (com voto do mesmo peso) nas eleições de todos os centros de ensino;
# Defesa do fim da Fundação de Apoio a Tecnologia e Ciência;
# Implantar o Orçamento Participativo dentro da Universidade;
# Buscar a ampliação do RU e a troca dos copos plásticos por canecas no restaurante;
# Melhorias nos laboratórios;
# Luta pela criação de uma creche estudantil, para que as mães possam deixar as crianças enquanto estudam.
As eleições se realizaram no dia 28 de outubro.
Abaixo os links da campanha:
Vídeo sobre o aumento nas filas do RU: http://www.youtube.com/watch?v=WnSZsUfdF0E
Blog: http://chapa2ufsm.blogspot.com/
Vídeo do debate: http://www.youtube.com/watch?v=4yJpwzzdKSo
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
CAMARADA MARIGHELLA, PRESENTE!
Marighella formou-se politicamente na grande escola do PCB, onde militou a maior parte de sua vida como revolucionário. Após o golpe imperialista de 1964, que assumiu a forma de golpe militar, o camarada rompeu com o PCB, liderando a criação da ALN (Ação Libertadora Nacional), em razão de divergências com a linha política do Partido, em que predominavam as ilusões de aliança com setores da chamada burguesia nacional e na democracia burguesa, equívocos que estão na raiz da derrota popular em 1964.
O PCB, que sepultou as ilusões reformistas em seu processo de reconstrução revolucionária, respeita e compreende as razões de Marighella para romper com o Partido, mesmo divergindo do método e considerando que a forma de luta adotada pela ALN, apesar de legítima, não era adequada àquela correlação de forças e ao nível de organização e mobilização da resistência popular à ditadura.
Entretanto, apesar de considerarmos correta, até 1979, a linha política do PCB na questão do enfrentamento à ditadura pela via do movimento de massas e da frente democrática, não estamos entre aqueles que negam ou subestimam o papel da insurgência armada adotada por algumas organizações no período que, ao preço de muitas vidas que nos fazem falta, também contribuíram para a derrubada da ditadura.
Também é preciso ficar claro que a ditadura não escolhia suas vítimas apenas em função dos meios com que lutavam. Entre 1973 e 1975, foram assassinados dezenas de camaradas do PCB, cujos corpos jamais apareceram, dentre eles quase todos os membros do Comitê Central que aqui atuavam na clandestinidade.
Marighella não pertence apenas ao PCB nem à ALN. Pertence a todos os revolucionários e se inscreve na galeria de heróis que, em todo o mundo, lutaram e lutam contra a opressão e a exploração, por uma sociedade em que todos nos possamos chamar de companheiros.
Camarada Marighella, presente!
PCB – Partido Comunista Brasileiro
Comissão Política Nacional
Comitê Central
Rio, 25 de outubro de 2009
Homenagem a Marighella
e, ânimo firme, sobranceiro e forte,
tudo farei por ti para exaltar-te,
serenamente, alheio à própria sorte.
Para que eu possa um dia contemplar-te
dominadora, em férvido transporte,
direi que és bela e pura em toda parte,
por maior risco em que essa audácia importe.
Queira-te eu tanto, e de tal modo em suma,
que não exista força humana alguma
que esta paixão embriagadora dome.
E que eu por ti, se torturado for,
possa feliz, indiferente à dor,
morrer sorrindo a murmurar teu nome”
Poema de Carlos Marighella
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
OUTROS OUTUBROS VIRÃO!
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
TODO APOIO AO MST!
Contra a violência do agronegócio e a criminalização das lutas sociais
As grandes redes de televisão repetiram à exaustão, há algumas semanas, imagens da ocupação realizada por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em terras que seriam de propriedade do Sucocítrico Cutrale, no interior de São Paulo. A mídia foi taxativa em classificar a derrubada de alguns pés de laranja como ato de vandalismo.
Uma informação essencial, no entanto, foi omitida: a de que a titularidade das terras da empresa é contestada pelo Incra e pela Justiça. Trata-se de uma grande área chamada Núcleo Monções, que possui cerca de 30 mil hectares. Desses 30 mil hectares, 10 mil são terras públicas reconhecidas oficialmente como devolutas e 15 mil são terras improdutivas. Ao mesmo tempo, não há nenhuma prova de que a suposta destruição de máquinas e equipamentos tenha sido obra dos sem-terra.
Na ótica dos setores dominantes, pés de laranja arrancados em protesto representam uma imagem mais chocante do que as famílias que vivem em acampamentos precários desejando produzir alimentos.
Bloquear a reforma agrária
Há um objetivo preciso nisso tudo: impedir a revisão dos índices de produtividade agrícola – cuja versão em vigor tem como base o censo agropecuário de 1975 – e viabilizar uma CPI sobre o MST. Com tal postura, o foco do debate agrário é deslocado dos responsáveis pela desigualdade e concentração para criminalizar os que lutam pelo direito do povo. A revisão dos índices evidenciaria que, apesar de todo o avanço técnico, boa parte das grandes propriedades não é tão produtiva quanto seus donos alegam e estaria, assim, disponível para a reforma agrária.
Para mascarar tal fato, está em curso um grande operativo político das classes dominantes objetivando golpear o principal movimento social brasileiro, o MST. Deste modo, prepara-se o terreno para mais uma ofensiva contra os direitos sociais da maioria da população brasileira.
O pesado operativo midiático-empresarial visa isolar e criminalizar o movimento social e enfraquecer suas bases de apoio. Sem resistências, as corporações agrícolas tentam bloquear, ainda mais severamente, a reforma agrária e impor um modelo agroexportador predatório em termos sociais e ambientais, como única alternativa para a agropecuária brasileira.
Concentração fundiária
A concentração fundiária no Brasil aumentou nos últimos dez anos, conforme o Censo Agrário do IBGE. A área ocupada pelos estabelecimentos rurais maiores do que mil hectares concentra mais de 43% do espaço total, enquanto as propriedades com menos de 10 hectares ocupam menos de 2,7%. As pequenas propriedades estão definhando enquanto crescem as fronteiras agrícolas do agronegócio.
Conforme a Comissão Pastoral da Terra (CPT, 2009) os conflitos agrários do primeiro semestre deste ano seguem marcando uma situação de extrema violência contra os trabalhadores rurais. Entre janeiro e julho de 2009 foram registrados 366 conflitos, que afetaram diretamente 193.174 pessoas, ocorrendo um assassinato a cada 30 conflitos no 1º semestre de 2009. Ao todo, foram 12 assassinatos, 44 tentativas de homicídio, 22 ameaças de morte e 6 pessoas torturadas no primeiro semestre deste ano.
Não violência
A estratégia de luta do MST sempre se caracterizou pela não violência, ainda que em um ambiente de extrema agressividade por parte dos agentes do Estado e das milícias e jagunços a serviço das corporações e do latifúndio. As ocupações objetivam pressionar os governos a realizar a reforma agrária.
É preciso uma agricultura socialmente justa, ecológica, capaz de assegurar a soberania alimentar e baseada na livre cooperação de pequenos agricultores. Isso só será conquistado com movimentos sociais fortes, apoiados pela maioria da população brasileira.
Contra a criminalização das lutas sociais
Convocamos todos os movimentos e setores comprometidos com as lutas a se engajarem em um amplo movimento contra a criminalização das lutas sociais, realizando atos e manifestações políticas que demarquem o repúdio à criminalização do MST e de todas as lutas no Brasil.
Assinam esse documento:
Eduardo Galeano - Uruguai
István Mészáros - Inglaterra
Ana Esther Ceceña - México
Boaventura de Souza Santos - Portugal
Daniel Bensaid - França
Isabel Monal - Cuba
Michael Lowy - França
Claudia Korol - Argentina
Carlos Juliá – Argentina
Miguel Urbano Rodrigues - Portugal
Carlos Aguilar - Costa Rica
Ricardo Gimenez - Chile
Pedro Franco - República Dominicana
Brasil:
Antonio Candido
Ana Clara Ribeiro
Anita Leocádia Prestes
Andressa Caldas
André Vianna Dantas
André Campos Búrigo
Augusto César
Carlos Nelson Coutinho
Carlos Walter Porto-Gonçalves
Carlos Alberto Duarte
Carlos A. Barão
Cátia Guimarães
Cecília Rebouças Coimbra
Ciro Correia
Chico Alencar
Claudia Trindade
Claudia Santiago
Chico de Oliveira
Demian Bezerra de Melo
Emir Sader
Elias Santos
Eurelino Coelho
Eleuterio Prado
Fernando Vieira Velloso
Gaudêncio Frigotto
Gilberto Maringoni
Gilcilene Barão
Irene Seigle
Ivana Jinkings
Ivan Pinheiro
José Paulo Netto
Leandro Konder
Luis Fernando Veríssimo
Luiz Bassegio
Luis Acosta
Lucia Maria Wanderley Neves
Marcelo Badaró Mattos
Marcelo Freixo
Marilda Iamamoto
Mariléa Venancio Porfirio
Mauro Luis Iasi
Mário Maestri
Maurício Vieira Martins
Otília Fiori Arantes
Paulo Arantes
Paulo Nakatani
Plínio de Arruda Sampaio
Plínio de Arruda Sampaio Filho
Renake Neves
Reinaldo A. Carcanholo
Ricardo Antunes
Ricardo Gilberto Lyrio Teixeira
Roberto Leher
Sara Granemann
Sandra Carvalho
Sergio Romagnolo
Sheila Jacob
Virgínia Fontes
Vito Giannotti
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Carta aos Verdadeiros Comunistas!
Ivan Pinheiro (Secretário Geral do PCB)
outubro de 2009
O êxito do XIV Congresso Nacional do PCB foi a coroação de uma fase importante da reconstrução revolucionária do Partido, que cria condições para ele se apresentar aos verdadeiros comunistas brasileiros como uma alternativa concreta. Aliás, num gesto inédito, nos debates prévios ao Congresso dialogamos com comunistas amigos do PCB, o que contribuiu para valorizar e qualificar as resoluções adotadas.
Mas o PCB precisa estar à altura da possibilidade que a vida lhe está oferecendo, para colher os frutos do trabalho até agora construído, contribuindo para a unidade comunista, uma necessidade histórica.
Cabe à militância do PCB - reforçada por novos camaradas que chegam e por velhos camaradas que voltam - a responsabilidade de colocar em prática as corretas resoluções que adotamos em 2008, na Conferência de Organização, e agora, em 2009, no XIV Congresso. Para isso, é preciso dedicar-se ao estudo teórico; aprimorar a disciplina consciente, o centralismo democrático e a direção coletiva; inserir-se no movimento de massas e praticar o internacionalismo proletário.
O Partido tem que estar preparado para enfrentar o capital, em qualquer circunstância. Quem determina a hora e a forma na luta de classes não somos nós unilateralmente, mas a correlação de forças e a conjuntura. Não podemos nos comportar como um destacamento de plantão esperando o momento revolucionário. A revolução é um processo complexo e o capitalismo não vai cair de podre. Podemos e devemos incidir para antecipar a emancipação da classe trabalhadora.
O Partido deve funcionar como um sistema de organizações que articulem e potencializem uma férrea unidade de ação, nas pequenas e grandes lutas e tarefas.
O PCB não pode se julgar o dono da verdade e muito menos o Partido vocacionado para dirigir o processo revolucionário. Há muita vida inteligente e revolucionária fora das nossas fronteiras; há uma rica e complexa teia de organizações políticas e sociais com tendência ou caráter revolucionário que precisa ser articulada numa frente contra o capital. A revolução brasileira será obra coletiva de um amplo conjunto de forças antagônicas à ordem burguesa e, sobretudo, da ação das massas proletárias e de seus aliados.
Para se tornar um estuário e crescer com qualidade e eficiência, o PCB terá que estimular o diálogo com os comunistas brasileiros, grande parte dos quais pulverizados como consequência de uma verdadeira diáspora, provocada por um conjunto de fatores, entre os quais se destacam erros teóricos que o PCB cometeu dos anos 60 ao início dos anos 90, sobretudo a ilusão de uma revolução democrático-burguesa, fonte de várias cisões no período, a maioria delas, a bem da verdade, pela esquerda.
O PCB tem que estar de coração e braços abertos para receber todos aqueles que, confiando nas mudanças recentes que promovemos no Partido, venham a se somar ao esforço da reconstrução revolucionária.
Quem sabe, em breve, seremos mais vozes a gritar:
É FORÇA, AÇÃO; AQUI É O PARTIDÃO!
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Nota do MST
Diante dos últimos episódios que envolvem o MST e vêm repercutindo na mídia, a direção nacional
do MST vem a público se pronunciar.
1. A nossa luta é pela democratização da propriedade da terra, cada vez mais concentrada em nosso
país. O resultado do Censo de 2006, divulgado na semana passada, revelou que o Brasil é o país
com a maior concentração da propriedade da terra do mundo. Menos de 15 mil latifundiários detêm
fazendas acima de 2,5 mil hectares e possuem 98 milhões de hectares. Cerca de 1% de todos os
proprietários controla 46% das terras.
2. Há uma lei de Reforma Agrária para corrigir essa distorção histórica. No entanto, as leis a favor
do povo somente funcionam com pressão popular. Fazemos pressão por meio da ocupação de
latifúndios improdutivos e grandes propriedades, que não cumprem a função social, como determina
a Constituição de 1988.
A Constituição Federal estabelece que devem ser desapropriadas propriedades que estão abaixo da
produtividade, não respeitam o ambiente, não respeitam os direitos trabalhistas e são usadas para
contrabando ou cultivo de drogas.
3. Também ocupamos as fazendas que têm origem na grilagem de terras públicas, como acontece,
por exemplo, no Pontal do Paranapanema e em Iaras (empresa Cutrale), no Pará (Banco
Opportunity) e no sul da Bahia (Veracel/Stora Enso). São áreas que pertencem à União e estão
indevidamente apropriadas por grandes empresas, enquanto se alega que há falta de terras para
assentar trabalhadores rurais sem terras.
4. Os inimigos da Reforma Agrária querem transformar os episódios que aconteceram na fazenda
grilada pela Cutrale para criminalizar o MST, os movimentos sociais, impedir a Reforma Agrária e
proteger os interesses do agronegócio e dos que controlam a terra.
5. Somos contra a violência. Sabemos que a violência é a arma utilizada sempre pelos opressores
para manter seus privilégios. E, principalmente, temos o maior respeito às famílias dos
trabalhadores das grandes fazendas quando fazemos as ocupações. Os trabalhadores rurais são
vítimas da violência. Nos últimos anos, já foram assassinados mais de 1,6 mil companheiros e
companheiras, e apenas 80 assassinos e mandantes chegaram aos tribunais. São raros aqueles que
tiveram alguma punição, reinando a impunidade, como no caso do Massacre de Eldorado de Carajás.
6. As famílias acampadas recorreram à ação na Cutrale como última alternativa para chamar a
atenção da sociedade para o absurdo fato de que umas das maiores empresas da agricultura - que
controla 30% de todo suco de laranja no mundo - se dedique a grilar terras. Já havíamos ocupado a
área diversas vezes nos últimos 10 anos, e a população não tinha conhecimento desse crime
cometido pela Cutrale.
7. Nós lamentamos muito quando acontecem desvios de conduta em ocupações, que não
representam a linha do movimento. Em geral, eles têm acontecido por causa da infiltração dos
inimigos da Reforma Agrária, seja dos latifundiários ou da policia.
8. Os companheiros e companheiras do MST de São Paulo reafirmam que não houve depredação
nem furto por parte das famílias que ocuparam a fazenda da Cutrale. Quando as famílias saíram da
fazenda, não havia ambiente de depredações, como foi apresentado na mídia. Representantes das
famílias que fizeram a ocupação foram impedidos de acompanhar a entrada dos funcionários da
fazenda e da PM, após a saída da área. O que aconteceu desde a saída das famílias e a entrada da
imprensa na fazenda deve ser investigado.
9. Há uma clara articulação entre os latifundiários, setores conservadores do Poder Judiciário,
serviços de inteligência, parlamentares ruralistas e setores reacionários da imprensa brasileira para
atacar o MST e a Reforma Agrária. Não admitem o direito dos pobres se organizarem e lutarem.
Em períodos eleitorais, essas articulações ganham mais força política, como parte das táticas da
direita para impedir as ações do governo a favor da Reforma Agrária e "enquadrar" as candidaturas
dentro dos seus interesses de classe.
10. O MST luta há mais de 25 anos pela implantação de uma Reforma Agrária popular e verdadeira.
Obtivemos muitas vitórias: mais de 500 mil famílias de trabalhadores pobres do campo foram
assentados. Estamos acostumados a enfrentar as manipulações dos latifundiários e de seus
representantes na imprensa.
À sociedade, pedimos que não nos julgue pela versão apresentada pela mídia. No Brasil, há um
histórico de ruptura com a verdade e com a ética pela grande mídia, para manipular os fatos,
prejudicar os trabalhadores e suas lutas e defender os interesses dos poderosos.
Apesar de todas as dificuldades, de nossos erros e acertos e, principalmente, das artimanhas da
burguesia, a sociedade brasileira sabe que sem a Reforma Agrária será impossível corrigir as
injustiças sociais e as desigualdades no campo. De nossa parte, temos o compromisso de seguir
organizando os pobres do campo e fazendo mobilizações e lutas pela realização dos direitos do povo
à terra, educação e dignidade.
São Paulo, 9 de outubro de 2009
DIREÇÃO NACIONAL DO MST
--
Secretaria Geral
Escritório Nacional do MST/RJ
Rua Pedro I, Sl 803, Centro, Rio de Janeiro/RJ
Fone: (21) 2240.8496
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Nota da Juventude Comunista do México
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Organizando as rebeldias, lutando pela vida contra as oligarquias avança a Juventude Comunista Paraguaia.


10 dias que continuam a abalar o mundo – (Breves Notas Sobre a Revolução de Outubro)
Abaixo texto da Comissão de Relações Internacionais da UJC sobre os 92 anos da Revolução Russa.
Quando em Outubro (Novembro)[1] de 1917 o grupo político-partidário dos Bolcheviques, liderados por Vladimir Ilitch Ulianov (Lênin), assumiam o poder político na Rússia Czarista não apenas quebrava a corrente internacional do capitalismo. Que até então gozava de uma expressiva hegemonia sobre o mundo como também surgia como a comprovação pratica das teses de Lênin, polêmicas no Movimento Comunista Internacional, e divergente de seu centro prestigioso, a II Internacional.
O grupamento político liderado por Lênin surgia como uma dissidência dentro da II Internacional. Com fortes criticas dirigida a cúpula do prestigiado corpo dirigente da Social Democracia Européia:
“A Falência da II Internacional exprimiu-se com especial clareza na traição escandalosa, pela maioria dos partidos social-democratas oficiais da Europa, de suas convicções e de suas resoluções (...) Mas essa falência, que marca a vitória total do oportunismo, alem da transformação dos partidos social-democratas em partidos operários nacional-liberais, não é senão o resultado de toda a época histórica da II Internacional, do final do Século XIX ao começo do Século XX. As condições objetivas dessa época de transição – que vai do encerramento das revoluções burguesas e nacionais na Europa Ocidental ao principio das revoluções socialistas – engendraram e alimentaram o oportunismo. Em certos países da Europa, pudemos observar, no decorrer desse período, uma cisão do movimento operário e socialista, cisão que se produziu, no seu conjunto, em função do repudio a linha oportunista (...) A crise gerada pela guerra ergueu o véu, varreu as convenções, rebentou o abscesso já de há muito maduro e mostrou o oportunismo no seu verdadeiro papel de aliado da burguesia”[2]
Assim, essa dissidência dirigia a II Internacional nucleada até então pelo forte Partido Social Democrata Alemão de Kautsky, severas criticas e apontavam a irreconciliável possibilidade de unidade. Tendo além de Lênin, líder do Partido Bolchevique Russo, vários outros membros de Partidos Socialistas e sociais democratas, inclusive no interior do próprio Partido Alemão, Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht, que viriam a ser lideres da dissidência Alemã do Partido Social Democrata.[3]
Tais críticos da doutrina oficial do Marxismo na Europa ganharam força com o advento da Grande Guerra Mundial (1914-1918). Evento em que os Partidos Sociais democratas da Europa em consonância com as lideranças da II Internacional assumiram a defesa de seus países, inclusive vindo a participar da organização da Guerra ao lado das respectivas burguesias nacionais:
“A Guerra trouxe à classe dos capitalistas não apenas benefícios fabulosos e magníficas perspectivas de novas pilhagens (Turquia, China etc.), novas encomendas calculadas em bilhões, novos empréstimos com taxas de lucro majoradas, mas também trouxe à classe dos capitalistas vantagens políticas bem superiores, dividindo e corrompendo o proletariado. Kautsky ajuda nessa corrupção”[4]
A Grande Guerra foi um evento que marcou profundamente a Europa, não havia acontecido até então uma guerra de tamanha proporção em violências, onde novas armas mudavam para sempre a lógica das guerras. Porém, não se limitando ao cenário do capitalismo, a guerra marcaria a definitiva ruptura no interior do Movimento Comunista Internacional, fortalecendo a critica da falência da II Internacional, que ao cumprir o papel de unificador nacional durante a guerra, demonstraria suas limitações em conduzir o movimento do proletariado em momentos de revoluções e rupturas, diante das novas características do capitalismo, o imperialismo, sua fase superior.[5]
Em 25 de Outubro de 1917, (7 de Novembro em nosso calendário), os bolcheviques, deferiram o movimento final, que não era um momento isolado, mas o ato final de um processo que se iniciara na revolução de fevereiro, com vários momentos antecedendo, momentos como o desembarque de Lênin na estação Finlândia, as passeatas de junho e julho, intensos debates e disputas no interior dos sovietes, toda uma preparação nos círculos militares. Uma seqüência de momentos construídos até seu momento maior, a conquista do poder político, conduzindo as idéias gestadas no século XIX por Marx e Engels e todo um jovem movimento operário até seu objetivo programático.
Heitor Ferreira Lima, que entrara no Partido Comunista Brasileiro em 1923, um ano após sua fundação, assim descreve o impacto da Revolução dos Comunistas na velha Rússia:
“Na madrugada de 7 de novembro de 1917, acontecimento de maior relevância na história moderna ocorreu na velha Rússia dos Czares, marcando sempre sinal luminoso no seu decurso, dividindo o mundo em dois sistemas antagônicos: sistema capitalista e o sistema soviético, sendo este encabeçado pelo Conselho de Operários, Camponeses Soldados e Marinheiros. Sua instalação foi dificílima, árdua, demorada, tendo por finalidade a supressão do regime capitalista, objetivando o socialismo, para chegar no comunismo (...).”[6]
E na Rússia, marcada pelo atraso e por uma Guerra fracassada, onde os comunistas liderados por Lênin, Trotsky, Stalin e outros bolcheviques começaram a construir não apenas o regime socialista, como a reorganizar o movimento comunista, agora, através de uma nova internacional, a Internacional Comunista (Komintern). Com vários novos Partidos Comunistas nascendo no calor da Revolução que transformou a Rússia no primeiro país socialista do mundo, e em seguida, pela união de vários países e territórios, na fundação da União das Republicas Socialistas Soviética, URSS.
Lênin narra a importância da revolução de outubro e a construção do socialismo, assim como também as lições de outubro para o proletariado mundial na ocasião do 4º aniversário da Revolução de Outubro:
“Esta primeira vitória não é ainda a vitória definitiva, e a nossa revolução de outubro de Outubro alcançou-a com privações e dificuldades inauditas, com sofrimento sem precedentes,(...); Pela primeira vez depois de séculos e milênios, a promessa de responder à guerra entre escravistas com a revolução dos escravos contra toda espécie de escravista foi cumprida até o fim ... e é cumprida apesar de todas as dificuldades. Nós começamos esta obra. Quando precisamente, em que prazo os proletários de qual nação culminarão esta obra – é uma questão não essencial. O essencial é que se quebrou o gelo, que se abriu caminho, que se indicou a via.”[7]
A hegemonia internacional do capitalismo estava rompida, e logo após a revolução triunfante dos bolcheviques, a invasão do país por vários exércitos estrangeiros, inclusive inimigos na Guerra que findara há pouco mostrava que o mundo passaria a uma nova fase, marcada pela divisão entre capitalismo e socialismo, que com breve intervalo durante a II Guerra Mundial (1939-1945)[8] percorreria todo o século XX.
De tal forma se rompia também a corrente internacional do marxismo, agora o movimento de inspiração no marxismo ganharia alguns aspectos novos em relação ao ideário da II Internacional, com uma releitura da própria obra de Marx e Engels acrescida pela teoria e pratica do Partido Bolchevique, agora Partido Comunista. O Marxismo-Leninismo seria a nova mola propulsora do movimento comunista internacional , com a organização inclusive de uma nova Internacional, a III Internacional (Internacional Comunista ou Komintern) e reordenação dos comunistas, uns rompendo com a social democracia e construindo um Partido Comunista, outros com o acumulo de seus próprios movimentos operários ora anarquistas ora de natureza já comunista. Surgia uma nova denominação e uma nova cultura política no cenário internacional, os PCs, e um novo centro revolucionário, Moscou, capital da URSS.
O novo movimento agora sob o signo da III Internacional se diferenciava muito ideologicamente da II Internacional, se esta possuía ares de uma federação a III Internacional possui características de um só partido comunista internacional, um forte centro político de atribuições ampliadas, Moscou passaria a ser agora a irradiadora da Revolução Mundial:
“Atualmente já possuímos uma experiência internacional bastante considerável, experiência que demonstra, com absoluta clareza, que alguns aspectos fundamentais da nossa revolução não tem apenas significação local, particularmente nacional, russa, mas revestem-se, também, de significação internacional (...)”[9]
Os Partidos Comunistas se formavam, os antigos partidos sociais democratas sofriam rupturas internas com os novos adeptos do Marxismo-Leninismo. Ganhava força dentro do MCI o conjunto de proposta da Revolução como uma tomada violenta do Estado Burguês, sua demolição a partir da construção do novo regime.[10] Estava aberta à Era do Socialismo, a Era dos Sovietes que marcaria profundamente todo o decorrer do século XX, causando influências diretas em todo o mundo.
As elites do mundo capitalista, seus governantes, passariam a organizar toda a sua política internacional e até mesmo interna (os comunista eram vistos como inimigos internos) diante do medo de uma revolução mundial, onde a URSS lideraria a classe dos trabalhadores. E os primeiros sinais eram aterrorizantes, justificavam os maiores medos dos capitalistas, explodiam movimentos revolucionários na Europa ainda se recompondo da Grande Guerra. Os trabalhadores não mais falavam em conquista de direito, mas na possibilidade da conquista do poder político.
A Revolução dos Bolcheviques foi um dos eventos marcantes do século XX, seus resultados, como se sabe influenciaram o mundo inteiro. Assim como sua vitoria repercutiu também sua derrota, e assim como a vitoria na revolução não apenas partiu a corrente internacional do capitalismo, como também do movimento comunista, sua derrota em fins dos anos 1980 e inicio dos anos 1990 marcaram profundamente não somente o lado vitorioso, que declarava o fim da história (talvez a profecia com menor tempo de validade da história humana) e julgava-se dono incontestável do destino da humanidade, como também dentro do próprio movimento comunista.
Os comunistas de todo o mundo sentimos os impactos dessa derrota, partidos inteiros sucumbiram, outros mudaram de nome de políticas, negando e fugindo de sua própria história, e em outros, intensas batalhas se intensificaram no seu interior, potencializada pelo novo quadro internacional. Com a queda do bloco socialista do Leste Europeu muitos Partidos Comunistas passaram a depositar suas fichas na aliança com as camadas medias e a pequena burguesia, se colocando como força de esquerdas em varias frentes políticas de caráter meramente mudancistas, que buscavam mesclar uma política econômica vinculada ao grande capital com políticas sociais paliativas e assistencialistas. Não mais pondo em questão a natureza do regime capitalista, mas apenas como transformá-lo em algo mais humano, mais social.
De outro lado, os impactos da queda dos regimes socialistas do Leste Europeu condicionaram os movimentos e partidos comunistas revolucionários a fazerem um necessário balanço sobre suas atividades e políticas de intervenções no conjunto dos movimentos sociais. A reivindicação da história do movimento comunista enquadra seus acertos e erros, e assim, necessariamente a necessidade de apontar soluções novas.
O Movimento comunista hoje, se intensifica novamente, na America Latina em especial, vivenciamos um acirramento das lutas de classes, com um maior tensionamento na lutas, e em diversas formas de lutas.
Os comunistas se reorganizam, voltam a participar ativamente da vida política, e mesmo diante de algumas capitulações de determinados Partidos e Grupos comunistas, os comunistas que ainda declaram-se abertamente contra o Capitalismo e contra qualquer forma de opressão do homem contra o homem, se reapresentam ao conjunto dos trabalhadores como portadores de uma alternativa ao modelo capitalista, a alternativa COMUNISTA, a possibilidade de construir através de um processo revolucionário, uma nova sociedade, mais justa e igualitária, a sociedade comunista
FOMOS, SOMOS e SEREMOS COMUNISTAS.
Túlio Lopes, Heitor Cesar e Rodrigo Lima
(Comissão de Relações Internacionais da UJC – Brasil)
[1] Diferença no calendário utilizado na Rússia até o período da revolução.
[2] LENIN, Vladimir I. A Falência da II Internacional. São Paulo. Kairós, 1979. p.70
[3] ROCHA, Ronald. O Movimento Socialista no Limiar dos Impérios Financeiros (crônica da Segunda Internacional).Belo Horizonte. Editora O Lutador, 2006. p.156
[4] LENIN, Vladimir I. A Falência da II Internacional. São Paulo. Kairós, 1979. p.47.
[5] ROCHA, Ronald. O Movimento Socialista no Limiar dos Impérios Financeiros (crônica da Segunda Internacional).Belo Horizonte. Editora O Lutador, 2006. p.158
[6] LIMA, Ferreira Heitor. A Revolução Russa e a Fundação do PCB In: REVISTA INTERNACIONAL : Problemas da Paz e do Socialismo. Ano VI, nº 4 Outubro-Novembro-Dezembro de 1987. p. 59.
[7] Trecho do Artigo de LENIN, Vladimir I. “Para o quarto aniversário da Revolução de Outubro” publicado em 18 de Outubro de 1921, no Nº 234 do Pravda: in LENIN, Vladimir I. Obras Escolhidas V. III. São Paulo. ALFA-OMEGA. 1980. p.548.
[8] Evento onde ocorreu uma aliança das principais potências capitalistas (Inglaterra, EUA e França) com a URSS na luta contra a ameaça do Capitalismo de Exceção, o fascismo.
[9] LENIN, Vladimir I. Esquerdismo, Doença Infantil do Comunismo. Rio de Janeiro, Editora Vitória, 1960. p.9.
[10] Conferir analise de Lênin sobre a necessidade de derrubar o estado em: LENIN, Vladimir I. O Estado e a Revolução In: LENIN, Vladimir I. Obras Escolhidas V: II. São Paulo, ALFA-OMEGA, 1980.