No último sábado (27), cerca de 120 jovens, que se encontravam em um lugar conhecido por ser um local de entretenimento dos estudantes, sofreram um ataque indiscriminado por parte da polícia do Departamento de Cauca, na cidade de Popayán (Colômbia). O informe policial, ao qual teve acesso um familiar de uma estudante detida, narra como se, segundo os policiais, as pessoas reunidas estivessem celebrando o aniversário das FARC-EP (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo), motivo pelo qual se fazia necessária a dispersão deles do local. A ação terminou com vinte cidadãos feridos.
O fato começou próximo das dez horas da noite, quando dois policiais chegaram ao lugar. Eles pediam a dispersão dos estudantes, em sua maioria da Universidade de Cauca. Diante da passividade deles, os uniformizados pediram apoio com seus rádios de comunicação. Minutos depois chegaram várias patrulhas motorizadas e iniciaram uma ação violenta, realizando golpes com objetos contundentes contra as pessoas. Foram utilizados gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral, disparos com balas de borracha e armas de fogo e pedras.
A ação violenta das forças do Estado Colombiano, que teve uma duração aproximada de 30 minutos, afetou, além dos estudantes, os residentes do bairro Caldas, onde ocorreu o ataque. Os moradores viram-se obrigados a sair de suas casas com crianças que estavam asfixiando pelo efeito dos gases lacrimogêneos. Os estudantes, por sua vez, além dos golpes, foram chamados de guerrilheiros, terroristas e ameaçados de morte. Vários estudantes ficaram com lesões no rosto e na cabeça por objetos contundentes e hematomas nas extremidades inferiores.
A estudante detida foi Lina María Burbano que andava sozinha até a Faculdade da Educação, quando foi abordada por um grupo de policiais e levada para uma Unidade de Reação Imediata (IRA), onde foi privada de sua liberdade por aproximadamente 13 horas. A denúncia policial pretende atribuir a ela a responsabilidade por lesões pessoais e violência contra servidor público.
Diante disso, a nota da Rede de Direitos Humanos do Sul Ocidente Colombiano "Francisco Isaías Cifuentes” responsabiliza o Estado Colombiano, o Governo do Departamento de Cauca e o coronel Carlos Ernesto Rodríguez, comandante do Comando de Polícia Cauca, por essas violações ao Direito Internacional dos Direitos Humanos.
Eles exigem também ao Escritório do Alto Comissionado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (OACNUDH, sigla em espanhol) "o cumprimento de seus mandatos como observadores para que o estado colombiano cumpra com suas obrigações constitucionais e com relação aos direitos humanos”. Solicitam, portanto, que se iniciem investigações para que se busquem as normas internas e externas as quais o estado colombiano se comprometeu a respeitar, mas não está cumprindo.
Aos entes governamentais responsabilizados, a Rede de Direitos Humanos pede que se desenvolvam as ações legais necessárias para determinar as responsabilidades coletivas e individuais pelas violações. Além disso, que sejam tomadas as medidas necessárias para garantir os direitos essenciais dos "habitantes do município de Popayán que estão sendo afetados pela ação arbitrária das forças regulares” da Colômbia.
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