segunda-feira, 28 de março de 2011

LANÇADO O BLOG DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CULTURA


Nos dias 22, 23 e 24 de Abril, acontecerá o Iº Seminário Nacional de Cultura, no qual será discutido as bases é perspectivas de uma nova política para as juventudes, levando em consideração a sua diversidade e experiências, com palestras, shows e muita informação sobre o que acontece de protagonismo cultural juvenil nas principais cidades do nosso Brasil.


Em alguns dias iremos disponibilizar a programação completa, com os debates, palestrantes e os shows que vão acontecer durante o Iº Seminário Nacional de Cultura.
 
Blog: http://seminariodeculturajovem.blogspot.com/

sábado, 26 de março de 2011

VIVAM OS 89 ANOS DO PARTIDÃO!

Seminário Nacional sobre Universidade Popular

Reunião em Porto Alegre (RS) dá sequência à construção do
1° Seminário Nacional sobre Universidade Popular

25/03/2011, por CCLCP

Em torno de quarenta pessoas – entre elas representantes de mais de 20 entidades, das quais 5 executivas e federações de curso, além de organizações políticas, movimentos – estiveram presentes na segunda reunião de organização do 1° Seminário Nacional sobre Universidade Popular. Muitos ainda justificaram ausência, principalmente por questões estruturais e de agenda.

A reunião ocorreu nos dias 19 e 20 de Março, na sede da pós-graduação em Desenvolvimento rural e no Diretório Central dos Estudantes da UFRGS, respectivamente. A discussão girou em torno do caderno de apresentação do Seminário (que deverá sair até meados de Abril), análise de conjuntura da universidade brasileira e perspectivas para a construção do Seminário, repasse das tarefas e articulações feitas após a reunião de Dezembro que ocorreu em Florianópolis, bem como visualização de uma primeira proposta de programação para o encontro.

O clima da reunião foi extremamente fraternal, algo infelizmente ainda um tanto incomum de se ver nos espaços atuais de articulação da esquerda. Trabalhando sempre com o consenso, as organizações presentes conseguiram afirmar as linhas gerais de concepção do Seminário, em uma visão comum da necessidade de articular dialeticamente as discussões e lutas imediatas à construção de um programa estratégico para a universidade brasileira. Entende-se que a construção da estratégia da Universidade Popular está articulada com a construção do movimento que luta por ela (o êxito desta compreensão é demonstrado pela história) e que, por sua vez, deve contribuir para a reorganização do movimento universitário como um todo.

A reunião também tirou os indicativos de local e data, provavelmente em São Paulo no início de setembro, a ser confirmado até meados de Abril. Esperamos que outras organizações, entidades, indivíduos, se somem na construção deste Seminário, seja participando dele em si, das reuniões preparatórias ou com contribuições escritas.

Viva o 1° Seminário Nacional sobre Universidade Popular!

CRIAR, CRIAR, UNIVERSIDADE POPULAR!

Fonte: Corrente Comunista Luiz Carlos Prestes - www.cclcp.org


quinta-feira, 24 de março de 2011

Pare a guerra contra a Líbia: Já!



A Federação Mundial das Juventudes Democráticas condena o bombardeio da Líbia. pela OTAN e os seus membros, sob a desculpa de defender os "direitos humanos" dos manifestantes que querem derrubar o governo de Kaddafi. De fato, o simples ato de reconhecimento dos rebeldes como um parceiro para o diálogo entre a União Europeia e de outras estruturas representa em si, uma provocação para a soberania da Líbia e uma interferência inaceitável sobre as questões da Líbia.


A dupla moral do imperialismo é ainda mais clara quando as tropas da Arábia Saudita entram no Bahrein para esmagar o movimento popular em curso ou no caso de supressão do movimento dos povos no Iêmen, os Estados Imperialistas preferem ficar em silêncio, apoiando a repressão brutal .

Oito anos após a invasão do Iraque e onze após o bombardeio da Iugoslávia, o imperialismo confunde mais uma vez as mentes dos povos do mundo, para justificar uma invasão a um país com a única motivação: de roubar seus recursos e de controlar sua posição geoestratégica. Se o imperialismo nunca teve anteriormente qualquer preocupação honesta com o povo líbio, o que justificaria o alto nível de relação entre o governo de Kaddafi com a França, Espanha, Itália, Portugal e os EUA até alguns meses atrás?

Mais uma vez, ressaltamos que rejeitamos a supressão dos direitos dos manifestantes na Líbia, mas ressaltamos que a única solução é um entendimento pacífico entre todas as partes dentro da Líbia, e que uma intervenção militar é totalmente inaceitável, pois acreditamos que somente o povo da Líbia é capaz de resolver seus próprios problemas.

Federação Mundial das Juventudes Democráticas

Veja o material compelto em inglês no seguinte link: http://www.wfdy.org/wp-content/uploads/2011/03/no-to-war-_-libya.pdf

DILMA: LIBERTE BATTISTI JÁ!


(Nota Política do PCB)


O Comitê Central do PCB, reunido no Rio de Janeiro, analisou a situação do ativista político e escritor italiano, Cesare Battisti, preso em Brasília desde 19 de março de 2007, perfazendo quatro anos de reclusão em nosso país, sem ter cometido nenhum crime em território nacional e acusado pelo Estado italiano de crimes que até agora, a não ser por testemunhos de delatores premiados, entre eles Pietro Mutti, que, para se livrarem de suas penas, imputaram Battisti com relatos que carecem absolutamente de provas materiais.

Battisti, que na década de 1970 militava no grupo de ultra-esquerda Proletari Armati per Il Comunismo (PAC), é acusado de haver cometido dois crimes no mesmo dia com apenas meia hora de diferença entre um e outro. O bizarro dessa situação é que um crime teria sido cometido na cidade de Udine e outro na cidade de Milão. Acontece que essas cidades distam 381 quilômetros uma da outra, o que demonstra a falsidade desses testemunhos. Julgado in absentia, chegou-se a falsificar sua assinatura para nomear advogados indicados pelo governo italiano (que aceitaram um julgamento forjado, sem a presença do réu), falsidade comprovada posteriormente por exame grafológico.

O que agrava consideravelmente o indiciamento e a condenação de Battisti, alem da própria instrução do processo, realizada sem provas concretas e baseada apenas nas delações dos militantes que colaboraram com as forças de segurança, os pentiti (arrependidos), é que essas delações foram arrancadas sob tortura, conforme denunciaram, à época, o relatório da Amnesty International e o depoimento da escritora Laura Grimaldi. Cabe dizer ainda que, naquele período na Itália, viviam-se os Anni di Piombo, Anos de Chumbo (entre 1970 e inícios da década de 1980), momento histórico de grandes confrontos de classe, sendo que, para responder às movimentações de amplos segmentos proletários e populares por profundas mudanças sócio-políticas, o Estado italiano impôs uma lei de exceção que permitia às forças de segurança investigar as organizações suspeitas de “terrorismo” e prender ativistas políticos e sociais sem ordem judicial, condição essa que dificulta até os dias de hoje a reabertura dos processos que envolveram as organizações e os militantes de esquerda daquele período.

Ressaltamos, também, que essas medidas autoritárias, que restringiam a ampla liberdade dos cidadãos italianos, eram corroboradas pelo extinto PCI (Partido Comunista Italiano), que, rumando para o radical reformismo e para a conciliação de classe, acenava com a possibilidade de uma aliança de governo com a então poderosa Democracia Cristã, claramente apoiada pelos EUA, propondo o tristemente célebre Compromesso Stórico.

Desse modo, com os elementos arrolados acima, entendemos que é absolutamente impossível aceitar as alegações do Estado italiano sobre a culpabilidade de Battisti, diante da fragilidade das provas apresentadas e de sua condenação, claramente política. Além do mais, o governo neofascista de Silvio Berlusconi aproveita-se oportunisticamente da situação, tentando fazer a conexão de Battisti com os movimentos sociais e sindicais que, hoje, fazem dura oposição a seu governo sabidamente corrupto, onde o próprio Presidente do Conselho de Ministros, o Sr. Berlusconi, aparece envolvido em escândalos sexuais e de pedofilia. Sabemos o que espera Battisti se for repatriado para seu país de origem: prisão perpétua e, inicialmente, seis meses de privação da luz do sol, condição que por si mesma revela o medievalismo dessas medidas e o ódio revanchista da extrema direita que está no governo e no poder.

A presidente Dilma Roussef deve cumprir o que foi determinado pelo ex-presidente Lula, isto é, a imediata libertação de Cesare Battisti e a concessão de status de refugiado político a ele. Lavar as mãos, deixando uma decisão política dessa gravidade para o Supremo Tribunal Federal (majoritariamente conservador), é objetivamente condenar Battisti ao ergastolo (prisão perpétua), é compactuar com as acusações falsas e revanchistas dos que desejavam e ainda desejam conter os avanços das lutas populares rumo às conquistas que possibilitem a construção de uma sociedade justa e sem a exploração dos trabalhadores.

PCB – Partido Comunista Brasileiro

Comitê Central – março de 2011

quarta-feira, 23 de março de 2011

AGENDA DE SOLIDARIEDADE INTERNACIONAL

12 a 19 de abril – Caravana da FMJD ao Egito
Cairo/Egito


22 a 24 de abril – III Congresso Nacional da Juventude Comunista do México 
Cidade do México/México

29 e 30 de abril – 90 anos da Federação Juvenil Comunista
Buenos Aires/Argentina

15 de maio - Bicentenário Popular (Juventude Comunista Paraguaia) 
Assunção/Paraguai

11 de junho – Reunião Regional FMJD 
Havana/Cuba

12 e 13 de junho – III Encontro Juvenil de Solidariedade com os 5 Heróis
Havana/Cuba

01 a 05 de julho – Seminário de Solidariedade a Venezuela
Caracas/Venezuela

10 a 15 de agosto – 16º Congresso Latino-americano e Caribenho dos Estudantes
Montevidéu/Uruguai

29/09 a 02/10 – XIII Congresso Nacional da JJCC 
Santiago/ Chile

08 a 12 de novembro – 18ª Assembléia da FMJD

Lisboa/Portugal

15 a 19 de dezembro – XIV Congresso Nacional da JUCO
Bogotá/Colômbia

Contra a invasão da Líbia e a guerra imperialista


(Nota política do PCB)



O Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro (PCB), reunido no Rio de Janeiro, manifesta o seu mais veemente repúdio aos ataques militares contra a Líbia e à aprovação pela ONU de uma zona de exclusão aérea sobre seu território, sob o pretexto de proteger as forças de oposição a Kadafi.

O PCB ressalta que, por trás da ofensiva bélica imperialista existe um objetivo muito claro: o controle das reservas de petróleo líbio pelas potências imperialistas e a tentativa de divisão do território da Líbia.

O pretexto de defender os direitos humanos e proteger a população do País é apenas uma cortina de fumaça para justificar esse ato infame contra o povo líbio, pois nem EUA nem a União Européia têm autoridade moral para defender essas bandeiras, uma vez que foram e são patrocinadores das ditaduras mais sanguinárias do planeta, dos governos mais sanguinários do Oriente Médio e das monarquias despóticas que dirigem grande parte da região. Além disso, esses países calam-se diante da invasão do Bahrein pelas tropas da Arábia Saudita e dos emirados Árabes Unidos.

O PCB condena a campanha de desinformação realizada pela mídia hegemônica mundial no sentido de justificar a invasão. Trata-se de mais uma ação do imperialismo no sentido de continuar a política de invasões a países soberanos, como aconteceu na Iugoslávia, Iraque e Afeganistão, com enorme banho de sangue, visando a se apropriar das riquezas naturais e do controle geopolítico da região.

O PCB, coerente com a política de respeito à autodeterminação dos povos, exige o imediato fim dos bombardeios e da intervenção militar e apela às forças progressistas e internacionalistas no sentido de cerrar fileiras na defesa da integridade do território líbio e contra as intervenções imperialistas.

Fora as tropas da OTAN da Líbia!

Pelo fim dos ataques militares à população!

Pela autodeterminação do Povo líbio!

PCB – Partido Comunista Brasileiro

Comitê Central

20 de março de 2011

VADE RETRO, OBAMA!



Governo brasileiro se curva ao imperialismo

(Nota Política do PCB)

A vinda de Obama ao Brasil foi um gesto forte que marcou, para o Brasil e o mundo, um claro movimento de estreitamento das relações entre os governos brasileiro e norte-americano. O governo Dilma aponta para a continuidade, em nova fase, das ações de defesa dos interesses do capitalismo brasileiro no exterior.

A agenda midiática da visita sinaliza claramente um realinhamento do Brasil ao imperialismo norte-americano. Obama, por decisão do novo governo, foi o primeiro estadista estrangeiro a visitar o Brasil após a posse de Dilma. Mas não foi uma visita qualquer.

O governo brasileiro montou um palanque de honra e um potente amplificador para Obama falar ao mundo, em especial à América Latina, para ajudar os EUA a recuperarem sua influência política e reduzir o justo sentimento antiamericano que nutre a maioria dos povos. Nem na ditadura militar, um presidente estadunidense teve uma recepção tão espalhafatosa como a que Dilma lhe ofereceu.

Os meios de comunicação burgueses do mundo todo anunciam hoje em suas manchetes “o carinho do povo brasileiro com Obama” e a “amizade Brasil/Estados Unidos”. Caiu a máscara de uma falsa esquerda que proclama a política externa brasileira como “antiimperialista”.

Em verdade, o Brasil esteve três dias sob intervenção do governo ianque, que decidiu tudo, desde os acordos bilaterais a serem assinados à agenda, à segurança, à repressão a manifestações, ao itinerário, ao alojamento, às visitas e até ao cardápio de Obama. No Rio de Janeiro, a diplomacia americana e a CIA destituíram o governador e o prefeito, que queriam surfar na visita ilustre, decidindo tudo a respeito da presença de Obama na capital do Estado. Até a Câmara Municipal do Rio de Janeiro, que fica na Cinelândia, foi obrigada a suspender suas atividades na sexta-feira. Foi ocupada por agentes norte-americanos e militares brasileiros para os preparativos do comício de domingo, que seria na praça em frente.

No caso da América Latina, foi um gesto de solidariedade aos EUA em sua luta contra os processos de mudança, sobretudo na Venezuela, Bolívia e no Equador e uma vista grossa ao bloqueio a Cuba Socialista e à prisão dos Cinco Heróis cubanos.

A moeda de troca para abrirmos mão de nossa soberania foi um mero aceno de apoio norte-americano à pretensão obsessiva do Estado burguês brasileiro de ocupar uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU, um símbolo para elevar o Brasil à categoria de potência capitalista mundial. Tudo para expandir os negócios dos grandes grupos brasileiros no mercado norte-americano e mundial.

Enganam-se os que pensam que existe contradição entre a política externa do governo Lula e a de Dilma, ambas fundamentalmente a serviço do capital. Trata-se agora de uma inflexão pragmática. Após uma fase em que o Brasil expandiu e consolidou os interesses de seus capitalistas por novos “mercados” como América Latina, África, Ásia e Oriente Médio, a tarefa principal agora é dar mais atenção aos maiores mercados do mundo, para cuja disputa segmentos da burguesia brasileira se sentem mais preparados.

Vai no mesmo sentido a vergonhosa atitude de Dilma lavar as mãos para facilitar a extradição de Cesare Battisti ao governo italiano, dirigido pelo degenerado cafetão Berlusconi, entregando um militante de esquerda na bandeja do imperialismo europeu, no exato momento em que cresce na região a resistência dos trabalhadores.

O governo brasileiro, durante os três dias em que Obama presidiu o Brasil, não fez qualquer gesto ou apelo aos EUA, sequer de caráter humanitário, pelo fim do bloqueio a Cuba, o desmonte do centro de tortura em Guantánamo, a criação do Estado Palestino, o fim da intervenção militar no Iraque e no Afeganistão.

Debochando da soberania brasileira e da nossa Constituição - que define nosso país como amante da paz mundial e da autodeterminação dos povos -, Obama ordenou os ataques militares contra a Líbia a partir do território brasileiro, exatamente em Brasília, próximo à Praça dos Três Poderes, que se ajoelharam todos diante desta humilhação ao povo brasileiro. Não se deu ao trabalho de ir à Embaixada americana, para de lá ordenar a agressão militar. Fê-lo em meio a compromissos com seus vassalos, entre os quais ministros de Estado brasileiros que se deixaram passar pelo vexame de serem revistados por agentes da CIA.

O principal objetivo da vinda de Obama ao Brasil foi lançar uma ofensiva sobre as reservas petrolíferas brasileiras do pré-sal, uma das razões da reativação da IV frota naval americana nos mares da América Latina. No caso de alguns países, o imperialismo precisa invadi-los militarmente para se apoderar de seus recursos naturais. No Brasil, bastam três dias de passagem do garoto propaganda do estado terrorista norte-americano, espalhando afagos cínicos e discursos demagógicos.

Outro objetivo importante da visita tem a ver com a licitação para a compra de aviões militares, suspensa por Dilma no início do ano, justamente para recolocar no páreo os aviões norte-americanos. Além disso, os EUA garantiram outros bons negócios na agricultura, no setor de serviços, na maior abertura do mercado brasileiro e latino-americano em geral.

Obama só foi embora fisicamente. Mas deixou aqui fincada a bandeira de seu país, no coração do governo Dilma. Cada vez fica mais claro que, no caso brasileiro, o imperialismo não é apenas um inimigo externo a combater, mas um inimigo também interno, que se entrelaçou com os setores hegemônicos da burguesia brasileira. O pacto Obama/Dilma reforça o papel do Brasil como ator coadjuvante e sócio minoritário dos interesses do imperialismo norte-americano na América Latina, como tristemente já indicava a vergonhosa liderança brasileira das tropas militares de intervenção no Haiti.

O PCB, que participou ativamente das manifestações contra a presença de Obama no Brasil, denuncia o inaudito aparato repressivo no centro do Rio de Janeiro. Repudia a repressão exercida contra ativistas políticos e se solidariza de forma militante com os companheiros presos.

Desde a época da ditadura, nunca houve tamanha repressão e restrição à liberdade de expressão e ao direito de ir e vir. No domingo, o centro do Rio de Janeiro foi cercado por tropas e equipamentos militares. Uma passeata pacífica foi encurralada por centenas de militares armados, agentes à paisana, cavalaria e tropa de choque. Nunca houve tamanho aparato militar, mobilizado pelas três esferas de governo - Federal, Estadual e Municipal -, sob o comando da CIA e do Pentágono, em clara e desavergonhada submissão ao imperialismo.

A resistência do movimento popular teve uma vitória importante: a pressão exercida levou à suspensão de um comício de Obama em praça pública, na Cinelândia, local que simboliza as lutas democráticas e da esquerda brasileira. Obama fugiu do povo e falou em local fechado para convidados escolhidos a dedo, pelo consulado americano, a nata da burguesia carioca: falsos intelectuais, empresários associados, jornalistas de aluguel, artistas globais, políticos oportunistas, deslumbrados e emergentes, enfim, uma legião de puxa-sacos que se comportaram como claque de programa de auditório de mau gosto para o chefe dos seus chefes.


PCB (Partido Comunista Brasileiro)

Comitê Central – 20 de março de 2011



domingo, 20 de março de 2011

CONCURSO HQ PARTIDÃO

O PCB (Partido Comunista Brasileiro), por motivo de seus 90 anos de fundação a serem comemorados em 2012, editará uma História em Quadrinhos que contará, em dois volumes, a trajetória histórica do Partidão desde os primórdios de sua fundação até os dias de hoje. Para tanto, estamos selecionando desenhistas para participarem do projeto. Fazemos, assim, um chamado aos militantes, simpatizantes e amigos ilustradores do PCB, para que enviem amostras de suas artes até o dia 01 de Junho de 2011. A distribuição da obra será gratuita e não haverá remuneração para os desenhistas selecionados, cujos nomes constarão nos créditos. O email para o envio dos trabalhos é daniludens@yahoo.com.br, aos cuidados de Daniel Oliveira. Não fique de fora deste momento histórico! PARTICIPE!

Roteiro do capítulo 01

Primeira página

São Paulo – Julho de 1917


Um jovem operário corre. É mostrado da cintura para cima. Tem o boné nas mãos e usa agasalho. No fundo, o Brás de 1917.

“Corre, Mário. Assim perdemos o cortejo do Martinez.”

Outro jovem operário se esforça para acompanhar a corrida do companheiro, que está fora do quadro.

“Com a barriga vazia fica difícil, Luigi.”

Um balão à direita aponta para fora do quadro.

“Mas como reclama!”

Close no rosto de Mário que continua correndo.

“E como não? Se ganho dez mil réis...”

Ainda o rosto, mas com a mão erguida e os fechados como um italiano.

“... e gasto 207 mil com a mulher e os meninos?”

Os dois juntos, no lado direito da página, avistam a multidão que já havia se formado.

“É por isso que estamos aqui, Mário. Hoje começa a greve geral.”

140 ANOS DA COMUNA DE PARIS: OS TRABALHADORES NO PODER!


Partido Comunista Brasileiro (PCB)

Em 18 de março de 1871 surgia em Paris o primeiro governo operário da História, resultante da resistência popular diante da eminente invasão das tropas prussianas à França, durante a guerra franco-prussiana, evento este decisivo para o processo de unificação da Alemanha. Após a rendição de Napoleão III e do exército francês em setembro de 1870, da consequente queda de seu império e da proclamação da Terceira República da França, a Assembleia Nacional, de maioria conservadora, e o novo governo buscaram uma negociação rebaixada com a Prússia de Bismarck, o comandante da estratégia vitoriosa da unificação alemã. Os trabalhadores de Paris, entretanto, recusaram-se a depor as armas e iniciaram a revolta popular, tomando de assalto a prefeitura da cidade.

O movimento popular francês era bastante heterogêneo, constituído por operários, republicanos, milicianos da Guarda Nacional, além de uma pequena burguesia em decadência econômica, devido à grave crise motivada pelo envolvimento da França com a guerra contra a Prússia. Os anseios do povo eram voltados, principalmente, para a resolução imediata dos sofrimentos decorrentes deste evento, do desemprego em crescimento e da falência de pequenos comerciantes. Além disso, almejava-se a mudança do regime político, até então controlado pela Assembleia Nacional conservadora.

O Comitê Central da Guarda Nacional, que havia substituído o exército em algumas regiões francesas e congregava, em sua maior parte, operários e membros da pequena burguesia, expulsou da prefeitura os representantes da Assembleia Nacional e do governo oficial, os quais foram obrigados a se instalar na cidade de Versalhes. Estes ainda tentaram promover o desarmamento da Guarda Nacional, sob o pretexto de que ela pertencia ao Estado. Por sua vez, a população parisiense se opôs ao desarmamento, pois as armas haviam sido compradas com dinheiro do povo. Diante da resistência, o chefe de gabinete francês decide invadir Paris e massacrar a oposição, mas o povo resistiu e venceu a batalha, forçando o governo a fugir de volta a Versalhes.

O governo revolucionário, formado por uma federação de representantes de bairro, declara, em 28 de março, a independência da Comuna de Paris frente ao poder burguês sediado em Versalhes. Até o dia 28 de maio de 1871, os operários franceses dirigiram a cidade de Paris e tiveram a ousadia de tomar medidas políticas que, seguramente, continuam servindo de exemplo e desafio ao movimento socialista mundial. Uma delas foi a promoção das eleições dos representantes do povo parisiense, com a condição de que poderiam ser destituídos a qualquer momento. Não se tratava de um parlamento no estilo tradicional, mas um grupo de trabalho com funções legislativas e executivas. Esse tipo de organização inovadora visava substituir o modo burguês de governar, introduzindo modificações revolucionárias nas relações políticas, militares, econômicas e de justiça.

A burguesia, por sua vez, pregou que a Comuna era uma regressão na forma de organização social do homem, como se tivesse ocorrido um retorno às comunidades primitivas. Disseminou-se ainda que os proletários eram contrários à República. O que assustava os membros da classe dominante era a prática de eleições seguindo a lógica da democracia direta em todos os níveis da administração pública. Ademais, a Comuna de Paris promoveu inúmeras reformas, buscando romper com o caráter burguês do Estado: a polícia foi abolida (substituída pela guarda nacional proletária), foi instituída a previdência social, declarado o caráter laico da educação e a igualdade dos sexos. Inúmeras medidas de interesse popular foram adotadas: abolição do trabalho noturno e dos descontos em salários, desapropriação de residências vazias para moradia popular, ocupação de oficinas fechadas para instalação de cooperativas, redução da jornada de trabalho, legalização dos sindicatos, duplicação do salário dos professores, eleição para o cargo de juiz, gratuidade para serviços advocatícios, testamentos, adoções e casamentos, fim da pena de morte. A bandeira vermelha foi adotada como símbolo, e o internacionalismo foi posto em prática (não havia distinção de nacionalidade para integrar a Comuna).

Nos pouco mais de 70 dias de sua existência, a Comuna de Paris representou de fato a primeira experiência socialista da história: os revolucionários procuraram combater a propriedade privada dos meios de produção, pois identificavam nesse tipo de propriedade a base da divisão de classes e das desigualdades sociais.

Em 28 de maio de 1871, o governo francês, com o apoio de mercenários belgas, invadia a cidade luz e derrubava a última barricada popular, prendendo e executando em seguida os principais líderes do movimento popular parisiense. Apesar da forte repressão que se seguiu, a experiência da Comuna de Paris motivou diversas lutas populares em outras regiões da Europa, assim como a consciência dos limites e das possibilidades da luta direta das massas em um contexto de crise econômica e de repressão aberta de classe promovida pelos governos burgueses, no período de consolidação mundial do capitalismo.

O exemplo de resistência e coragem dos revolucionários parisienses permanece como uma bandeira política, pela qual acreditamos ser possível a construção de uma sociedade igualitária, apesar de toda ação opressiva e ideológica dos Estados contemporâneos, a serviço da hegemonia burguesa, da expansão do capital e do imperialismo. O PCB, durante as comemorações dos 140 anos da Comuna de Paris, irá realizar palestras, atos e debates em todo o país resgatando o sentido do legado histórico desse importante episódio da luta e da resistência dos trabalhadores contra a ordem burguesa conservadora, acontecimento sempre atual para os comunistas e lutadores socialistas em todo o mundo.

Março de 2011.

Partido Comunista Brasileiro (PCB)

terça-feira, 15 de março de 2011

REUNIÃO DO CONSELHO GERAL DA FMJD


Juventudes Democráticas de 50 países se reunirão em Porto Alegre


A cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, Brasil, será, entre os dias 17 e 20 de março, sede do evento internacional o "Conselho Geral das Juventudes”. Jovens de várias partes do mundo se encontrarão na capital gaúcha para participar do evento da Federação Mundial de Juventudes Democráticas (FMJD).

De acordo com Renan Alencar, da organização do encontro, o Conselho deverá reunir cerca de 100 jovens de 60 organizações de juventude da FMJD. A ideia é aproveitar o espaço para trocar experiências e apresentar as principais preocupações das diversas juventudes do mundo.

Durante os quatro dias, jovens de 50 países terão a oportunidade de discutir sobre políticas públicas para a juventude e debater sobre a participação dos jovens nas mobilizações. Educação, emprego, esporte, cultura, saúde, transformações sociais, soberania nacional e luta pela paz também serão outras temáticas abordadas no encontro

Além disso, será o momento em que a Federação irá elaborar o calendário de atividades e pautas para o ano de 2011 e início de 2012 e realizar uma reunião do Foro da Juventude de São Paulo, entidade que reúne partidos democráticos da região latino-americana. Segundo Alencar, os participantes ainda aproveitarão a encontro para discutir o local e a data da Assembleia Geral da Federação, que deverá acontecer no segundo semestre deste ano e reunir entidades de 100 países.

O integrante da equipe de organização explica que o objetivo principal do evento é promover a interação das juventudes. "O primeiro dia será para apresentar a realidade do Brasil e da América Latina; os outros dias serão para intercâmbio entre as juventudes”, comenta.

De acordo com ele, na ocasião, os participantes discutirão sobre temas atuais que afetam as juventudes, como a crise, as revoltas no norte da África e as ameaças de guerras e de intervenções militares estrangeiras. "Discutiremos as revoltas na África e o papel que se têm jogado à juventude”, exemplifica, destacando também as consequências da crise para os jovens. "Em uma situação de crise, os jovens são os primeiros a ser afetados e os últimos a tirar proveito [em um momento] de crescimento”, observa.

O encontro se encerrará no dia 20 de março, com a divulgação de documento sobre o "espírito do evento” e moções de solidariedade às nações que passam por momentos específicos, como os universitários de Porto Rico e da Inglaterra que protestam contra o aumento na taxa de matrícula das Universidades, e a população do Japão afetada por um terremoto de magnitude 8,9 que atingiu o país na madrugada de hoje (9).

Informações sobre a Federação Mundial de Juventudes Democráticas podem ser obtidas, em inglês, no site: http://www.wfdy.org/

Fonte: Adital

segunda-feira, 14 de março de 2011

Plenária Unificada dos Movimentos Sociais contra a vinda do Obama

 

Plenária Unificada dos Movimentos Sociais contra a vinda do Obama será realizada na próxima quarta-feira (16/03), às 18h, na sede do Sindipetro-RJ

 (Av. Passos, 34, próximo à Praça Tiradentes). Participe!

Os movimentos sociais brasileiros consideram o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, persona non grata no Brasil e rechaçam a sua presença em nosso país.

O atual mandatário dos Estados Unidos mantém a orientação belicista de ocupar países e agredir povos em nome da “luta ao terrorismo”. Obama tem reiterado que o objetivo fundamental do seu governo no setor externo é reafirmação da hegemonia estadunidense no mundo, inclusive na área militar.

Dizemos que Obama é persona non grata no Brasil porque, como latino-americanos, sabemos que a política dos Estados Unidos para a América Latina não mudou em nada. Não aceitamos a manutenção do bloqueio a Cuba, as provocações contra a Venezuela, a Nicarágua, a Bolívia e o Equador.

O governo Obama apoiou o golpe militar em Honduras, que retirou do poder o presidente legitimo Manuel Zelaya, e mantém o apoio ao atual governo de fato, que é denunciado por inúmeras violações aos direitos humanos. Como recompensa pelo apoio às forças golpistas, os EUA instalaram duas novas bases militares neste país.

Temos acompanhado a ampliação da presença militar dos EUA na região, tanto as iniciativas dirigidas a instalar novas bases militares na Colômbia, quanto a movimentação de tropas na Costa Rica e no Panamá.

A disputa pelo petróleo está no centro das guerras promovidas pelo imperialismo estadunidense. No caso do Brasil, logo após a descoberta de petróleo nas águas do Atlântico Sul, reativaram a chamada Quarta Frota de sua marinha de guerra e falam ainda em deslocar para estas pacificas águas, os navios de guerra da OTAN. As imensas reservas do pré-sal, estimadas em pelo menos 10 trilhões de dólares, atraem a imensa cobiça dos EUA. Com certeza, o ouro negro brasileiro é uma das maiores motivações da vinda do presidente estadunidense ao nosso país.

Obama também liderou a Organização do Tratado do Atlântico Norte que consagrou um “novo conceito estratégico” a partir do qual se arroga o direito de intervir militarmente em qualquer região do planeta. Os Estados Unidos nunca abriram mão de dominar nossos países e continuam considerando nosso continente como sua área de influência.

Os EUA sob a presidência de Barack Obama falam em Direitos Humanos, mas mantém os cinco heróis cubanos presos injustamente, e reafirmam o apoio à política genocida do Estado sionista israelense contra o povo palestino. Sob Barack Obama, os Estados Unidos mantiveram a presença das tropas de ocupação no Iraque e no Afeganistão, e desde este país bombardeiam o Paquistão. Só nessas guerras já foram mortos dezenas de milhares de civis e inocentes. Sob o seu governo os EUA ameaçam países soberanos como o Irã, a Síria e a Coréia do Norte, e continuam em pleno funcionamento o centro de detenções e torturas de Guantánamo, mantida em território cubano de forma ilegal e contra a vontade deste povo.

Obama chega ao Brasil num momento em que os Estados Unidos e seus aliados, principalmente os europeus, preparam-se, sob falsos pretextos, para perpetrar novas intervenções militares. Agora, no norte da África, onde, com vistas a assegurar o domínio sobre o petróleo, adotam a opção militar como a estratégia principal. Os Estados Unidos querem arrastar as Nações Unidas para sua aventura, numa jogada em que pretende na verdade instrumentalizar a organização mundial e dar ares de multilateralismo à sua ação militarista e imperial.

No mesmo 20 de março, dia em que Obama estará visitando o Brasil, acontecerão manifestações em todo o mundo convocadas pela Assembleia Mundial dos Movimentos Sociais realizada durante o Fórum Social Mundial de Dacar, Senegal. O dia de mobilização global foi convocado para afirmar a “defesa da democracia, o apoio e a solidariedade ativa aos povos da Tunísia e do Egito e do mundo árabe que estão iluminando o caminho para outro mundo, livre da opressão e exploração”. O 20 de março será um Dia Mundial de Luta contra a multiplicação das bases militares dos Estados Unidos, de solidariedade com o povo árabe e africano, e também de apoio à resistência palestina e saharauí. O mundo não pode tolerar uma nova guerra, agora, na Líbia!

É nesse contexto que convocamos a Plenária Unificada dos Movimentos Sociais contra a vinda do Obama, espaço onde os movimentos sociais de todo o país construiremos uma grande manifestação de repúdio à presença de Obama no Brasil com destaque para a ação que será organizada no Rio de Janeiro no dia 20 de março.

A Plenária Unificada dos Movimentos Sociais contra a vinda do Obama será realizada na próxima quarta-feira (16/03), às 18h, na sede do Sindipetro-RJ (Av. Passos, 34, próximo à Praça Tiradentes).

Abaixo o imperialismo estadunidense!

sábado, 12 de março de 2011

VI CONGRESSO DO PCC


Eleitos os 1.000 delegados ao 6º Congresso do Partido Comunista de Cuba

Num exercício de democracia, a partir das propostas das organizações de base, também foram eleitos 1.280 pré-candidatos a membros do Comitê Central

Alberto Nuñez Betancourt


• OS 1.000 delegados que assistirão ao 6o Congresso do Partido Comunista de Cuba (PCC), em abril próximo, já foram eleitos em assembleias integradas por secretários-gerais das organizações de base nos municípios, distritos e estruturas equivalentes das Forças Armadas Revolucionárias (FARS) e do Ministério do Interior (Minint).

Os secretários-gerais das células de base do Partido elegeram em cada município os delegados e pré-candidatos a membros do Comitê Central.

Entre os eleitos se contam, ainda, representantes dos colaboradores cubanos em países como a Venezuela, Bolívia e Haiti.

Nesse processo também foram escolhidos 1.280 pré-candidatos a membros do Comitê Central do Partido; estes fazem parte duma lista da qual será escolhida a candidatura que será apresentada definitivamente no Congresso.

Vale salientar o exercício de democracia efetuado pelas células de base ou núcleos do Partido que, num primeiro momento, tiveram a chance de fazer as propostas, segundo sua consideração e, após confeccionadas as pré-candidaturas nos setores municipais e distritais, os militantes foram consultados e puderam opinar, fazer observações e, inclusive, contestar a composição apresentada ou outros aspectos.

As opiniões dadas nas células de base receberam a devida recepção por parte dos comitês municipais e mereceram a presença de dirigentes desse nível e nalguns casos da província, em várias organizações de base, para explicarem e dialogarem com seus integrantes acerca das dúvidas, incompreensões e sugestões, em geral, a respeito da relação de companheiros incluídos nas pré-candidaturas.

A aprovação dos delegados ao Congresso e dos pré-candidatos a membros do Comitê Central nas assembleias de secretários-gerais das células de base ocorreu a partir do debate e nem sempre pelo voto unânime dos presentes.

Entre os congressos do Partido efetuados, este tem a peculiaridade de ser o de menor número de delegados participantes, conforme a racionalidade e funcionalidade que exigem os tempos atuais.

O tema essencial do encontro partidarista é o exame do Projeto de Lineamentos da Política Econômica e Social do Partido e da Revolução, razão que explica o interesse de atingir uma integração de delegados a partir das possibilidades destes de contribuírem com o debate em questão.

No presente, concluiu a revisão das opiniões emitidas na ampla consulta popular que teve lugar em locais de trabalho e bairros, a respeito do Projeto de Lineamentos... Uma vez findo o trabalho dos grupos que examinam minuciosamente as propostas de adição, modificação, supressão, dúvida e/ou preocupação, vai ser colocada nas mãos dos delegados eleitos uma nova versão do documento a ser avaliado, ainda como Projeto, prévio à reunião de abril.

O 6o Congresso do Partido se efetuará justamente nos dias em que comemoramos o 50o aniversário da declaração do caráter socialista de nossa Revolução e da Vitória da Baía dos Porcos.

A atualização de nosso modelo econômico tem uma enorme responsabilidade para os patriotas cubanos. E neste contexto o Partido, como vanguarda da sociedade, faz valer essa máxima do Líder da Revolução, expressa no relatório central ao 2º Congresso do PCC, quando afirmou: "O Partido existe só pelo povo e para o povo... Entre os lideres, os militantes e o povo devem existir os laços mais estreitos e indissolúveis, baseados, fundamentalmente, no exemplo e na confiança de que o revolucionário vive e morre por seu povo". •

Fonte: http://www.granma.cu/

sexta-feira, 11 de março de 2011

Fundação do Bloco "Comuna que Pariu!"



A UJC - RJ lançou seu bloco de Carnaval, não apenas para o carnaval, não apenas para brincar politizando e politizar brincando, mas para organizar.



Manifesto de fundação do "Comuna que Pariu!"

Nosso bloco pretende ser não o maior bloco do carnaval carioca, nem se tornar uma escola de samba, nosso bloco não pretende competir com os grandes blocos do carnaval do Rio, mas pretende mostrar que ainda é possível, e além, que é necessário fazer um apelo a juventude carioca e a demais seguimentos que brincam no carnaval.
Muitos falam do carnaval como a festa democrática, onde o “pobre” vira rei e o “rei” virá pobre, onde todos brincam na rua independente time de futebol, etnia, nacionalidade ou outros falsos antagonismo, dizem até mesmo que não importa nem as classes sociais, todos são iguais. Outros mais realistas dizem do carnaval como a doce ilusão, como algo que se desmancha ao longo de quatro dias trazendo de volta a realidade, mostrando que todo carnaval tem seu fim.

Nós discordamos da visão de festa democrática, discordamos da falácia da volta do carnaval de rua como uma democratização da festa. Discordamos e resolvemos agir.

Onde esta democracia em blocos cercados por corda onde somente entram quem possui a abada do bloco, festas particulares no meio da publicas ruas, excluindo para fora do espaço demarcado àqueles que não compraram a cara camisa.

Nosso bloco tem camisa também, e também a vendemos, mas não para excluir, quem não tem camisa é bem vindo. Nossa camisa é para contribuir com a organização, e pelo orgulho de ser comunista, de brincar sem esquecer a nossa causa, a nossa identidade, a nossa luta. Sem esquecer que não temos um patrocinador - e que não o queremos - que nosso patrocínio é o nosso militante, nosso amigo, nosso colaborador.

A UJC apresente assim seu bloco, na tradição de quem sempre utilizou a cultura na luta de classes, nas tradições de artistas comprometidos com a causa do socialismo, nas tradições de Mario Lago, Candido Portinari, Gianfrancesco Guarnieri, Dias Gomes, Vianinha, do CPC da UNE, da luta pela democratização da cultura, nessas tradições a UJC traz o “Comuna que Pariu!” mais uma arma da crítica.



Heitor Cesar (Historiador, poeta, comunista e membro do Bloco "Comuna que Pariu!")

OBS: Ao longo das publicações apresentaremos os enredos do Comuna que Pariu! deste ano e dos carnavais posteriores

Reflexões do companheiro Fidel



A OTAN, A GUERRA, A MENTIRA E OS NEGÓCIOS

Como alguns sabem, em setembro de 1969, Moamar al-Khaddhafi, um militar árabe beduíno de peculiar caráter e inspirado nas idéias do líder egípcio Gamal Abdel Nasser, promoveu no seio das Forças Armadas um movimento que derrocou o Rei Idris I da Líbia, um país desértico quase na sua totalidade e de escassa população, situado ao norte da África, entre a Tunísia e o Egipto.

Os importantes e valiosos recursos energéticos da Líbia foram sendo descobertos progressivamente.

Nascido no seio de uma família da tribo beduína de pastores nômades do deserto, na região de Trípoli, Khaddhafi era profundamente anticolonialista. Há quem diga que um avô paterno morreu lutando contra os invasores italianos quando a Líbia foi invadida por eles em 1911. O regime colonial e o fascismo mudaram a vida de todos. Também se diz que o pai foi preso antes de se ganhar o pão como operário industrial.

Inclusive, os adversários de Khaddhafi garantem que se destacou por sua inteligência como estudante; foi expulso do liceu por suas atividades antimonárquicas. Conseguiu matricular em outro liceu e depois se formar em leis na Universidade de Bengasi aos 21 anos. Ingressa depois no Colégio Militar de Bengasi onde criou o que foi chamado de Movimento Secreto Unionista de Oficiais Livres, concluindo posteriormente seus estudos numa academia militar britânica.

Esses antecedentes explicam a notável influência que exerceu depois na Líbia e noutros líderes políticos, estejam hoje a favor ou em contra de Khaddhafi.

Iniciara sua vida política com fatos indubitavelmente revolucionários.

Em março de 1970, após manifestações maciças nacionalistas, conseguiu a evacuação dos soldados britânicos do país e, em junho, os Estados Unidos desalojaram a grande base aérea perto de Trípoli, entregada a instrutores militares egípcios, país aliado à Líbia.

Em 1970, várias companhias petroleiras ocidentais e sociedades bancárias com participação de capitais estrangeiros foram afetadas pela Revolução. Nos finais de 1971, a famosa British Petroleum correu a mesma sorte. Na área agropecuária todos os bens italianos foram confiscados, os colonos e seus descendentes foram expulsos da Líbia.

A intervenção estatal foi orientada para o controle das grandes empresas. A produção desse país passou a desfrutar de um dos níveis mais altos do mundo árabe. O jogo e o consumo de álcool foram proibidos. O estatuto jurídico da mulher, tradicionalmente limitado, ficou elevado.

O líder líbio se dedicou às teorias extremistas que se opunham tanto ao comunismo quanto ao capitalismo. Foi uma etapa em que Khaddhafi se dedicou à teorização, que não faz sentido incluir nesta análise, embora sim se deva assinalar que no artigo 1º da Proclama Constitucional de 1969 ficava estabelecido o caráter “Socialista” da Jamaíria Árabe Líbia Popular.

O que desejo frisar é que aos Estados Unidos e aos seus aliados da NATO nunca lhes interessaram os direitos humanos.

O bololô que se deu no Conselho de Segurança, na reunião do Conselho de Direitos Humanos com sede na Genebra, e na Assembléia Geral da ONU em Nova Iorque, foi puro teatro.

Compreendo perfeitamente as reações dos líderes políticos envolvidos em tantas contradições e debates estéreis, devido à madeixa de interesses e problemas que devem atender.

Todos sabemos muito bem que o caráter de membro permanente, o poder de veto, a posse de armas nucleares, e não poucas instituições são fontes de privilégios e interesses impostos pela força à humanidade. Pode-se ou não concordar com muitas delas, porém jamais aceitá-las como medidas justas ou éticas.

O império pretende agora fazer girar os acontecimentos em torno ao que fez ou não o Khaddhafi, porque precisa de intervir militarmente na Líbia e açoitar a onda revolucionária desatada no mundo árabe. Até agora não se falava uma palavra, fazia-se silêncio e se faziam negócios.

Promovida a latente rebeldia líbia pelos órgãos de inteligência ianque, ou pelos erros do próprio Khaddhafi, é importante que os povos não se deixem enganar, visto que logo a opinião mundial terá suficientes elementos para saber ao quê se ater.

A meu ver, e assim o disse desde o primeiro momento, tinha que denunciar os planos da belicosa NATO.

A Líbia, igual do que muitos países do Terceiro Mundo, é membro do Movimento de Países Não Alinhados, do Grupo dos 77 e de outras organizações internacionais, através das quais se estabelecem relações independentemente de seu sistema econômico e social.

A traços largos: a Revolução em Cuba, inspirada em princípios Marxistas-Leninistas e Martianos, tinha triunfado em 1959 a 90 milhas dos Estados Unidos, que nos impôs a Emenda Platt e era proprietário da economia do nosso país.

Quase de imediato, o império promoveu contra nosso povo a guerra suja, os bandos contra-revolucionários, o criminoso bloqueio econômico, e a invasão mercenária de Girón, custodiada por um porta-aviões e sua infantaria de marinha pronta para desembarcar se a força mercenária atingisse determinados objetivos.

Apenas ano e meio depois nos ameaçou com o poderio do seu arsenal nuclear. Uma guerra desse caráter esteve a ponto de estourar.

Todos os países latino-americanos, com a exceção do México, participaram do criminoso bloqueio que ainda perdura, sem que nosso país jamais se rendesse. É importante lembrar isso para aqueles que carecem de memória histórica.

Em janeiro de 1986, esgrimindo a idéia de que a Líbia estava por trás do chamado terrorismo revolucionário, Reagan ordenou romper relações econômicas e comerciais com aquele país.

Em março, uma força de porta-aviões no Golfo de Sirte, dentro de águas consideradas por Líbia nacionais, desatou ataques que ocasionaram a destruição de várias unidades navais munidas de lança-mísseis e de sistemas de radares de costa que esse país tinha adquirido na URSS.

Em 5 de abril, uma discoteca em Berlim Ocidental, freqüentada por soldados dos Estados Unidos, foi vítima de explosivos plásticos, onde três pessoas morreram, duas delas militares norte-americanos e muitos resultaram feridos.

Reagan acusou Khaddhafi e ordenou à Força Aérea que desse uma resposta. Três esquadrões descolaram dos porta-aviões da VI Frota e bases no Reino Unido, atacaram com mísseis e bombas sete objetivos militares em Trípoli e Bengasi. Ao redor de 40 pessoas morreram, 15 delas civis. Advertido do avanço dos bombardeiros, Khaddhafi reuniu a família e estava abandonando sua residência localizada no complexo militar de Bab Al Aziziya, ao sul da capital. Não tinha concluído a evacuação quando um míssil impactou diretamente na residência; sua filha Hanna morreu e outros dois filhos foram feridos. O fato recebeu uma ampla rejeição; a Assembléia Geral da ONU aprovou uma resolução de condenação por violação da Carta da ONU e do Direito Internacional. A mesma coisa fez em termos enérgicos o Movimento de Países Não Alinhados, a Liga Árabe e a OUA.

A 21 de dezembro de 1988, um Boeing 747 da companhia Pan Am que voava de Londres a Nova Iorque se desintegrou em pleno vôo pela explosão de uma bomba; os restos caíram sobre a localidade de Lockerbie, e a tragédia custou 270 vidas de 21 nacionalidades.

Em um princípio o Governo dos Estados Unidos suspeitou do Irão, como represália pela morte de 290 pessoas pela queda de um Airbus de sua linha estatal. As investigações, segundo os ianques, implicavam dois agentes da inteligência líbia. Imputações similares contra Líbia foram feitas por um avião da linha aérea francesa na rota Brazzaville-N’Djamena-Paris, implicando funcionários líbios que Khaddhafi rejeitou extraditar por fatos que negou categoricamente.

Uma lenda tenebrosa foi fabricada contra ele com a participação de Reagan e Bush pai.

Desde 1975 até a etapa final do governo de Reagan, Cuba se consagrara a seus deveres internacionalistas em Angola e noutros países da África. Sabíamos de dois conflitos que se desenvolveram na Líbia ou em torno a ela por leituras e testemunhos de pessoas bem ligadas a esse país e ao mundo árabe, assim como pelas impressões que guardamos de numerosas pessoalidades de diferentes países com os quais tivemos contatos naqueles anos.

Muitos líderes africanos, conhecidos nossos, com os quais Khaddhafi mantinha relações estreitas, esforçaram-se em procurar soluções às tensas relações entre a Líbia e o Reino Unido.

O Conselho de Segurança impusera-lhe sanções a Líbia que começaram a serem ultrapassadas quando Khaddhafi aceitou submeter a julgamento, com determinadas condições, os dois acusados por causa do avião que explodiu sobre a Escócia.

Delegações líbias começaram a ser convidadas a reuniões intereuropéias. Em julho de 1999 Londres iniciou o restabelecimento de relações diplomáticas plenas com a Líbia, após algumas concessões adicionais.

Em setembro desse ano, os ministros da União Europeia aceitaram revogar as medidas restritivas ao comércio adotadas em 1992.

A 2 de dezembro, Massimo D’Alema, primeiro-ministro italiano, realizou a primeira visita de um chefe de governo europeu à Líbia.

Desaparecidos a URSS e o campo socialista da Europa, Khaddhafi decidiu aceitar as demandas dos Estados Unidos e da NATO.

Quando visitei Líbia em maio de 2001, mostrou-me as ruínas do traidor ataque com que Reagan assassinou sua filha, e esteve a ponto de exterminar toda a família.

Nos começos de 2002, o Departamento de Estado informou que estavam em andamento conversações diplomáticas entre os Estados Unidos e a Líbia.

Em maio, a Líbia tinha sido colocada mais uma vez na lista de Estados patrocinadores do terrorismo, ainda que, em janeiro, o presidente George W. Bush não tinha mencionado o país africano em seu célebre discurso sobre os integrantes do “eixo do mal”.

Ao começar o ano 2003, em virtude do acordo econômico sobre indemnizações celebrado entre a Líbia e os países demandantes, o Reino Unido e a França, o Conselho de Segurança da ONU levantou as sanções de 1992 contra a Líbia.

Antes de findar 2003, Bush e Tony Blair informaram de um acordo com a Líbia, país que tinha entregado a peritos de inteligência do Reino Unido e de Washington documentação dos programas não convencionais de armas, bem como de mísseis balísticos com um alcance superior a 300 quilômetros. Funcionários de ambos os países já tinham visitado diversas instalações. Era o fruto de muitos meses de conversações entre Trípoli e Washington, como revelou o próprio Bush.

Khaddhafi cumpriu suas promessas de desarme. Em poucos meses a Líbia entregou as cinco unidades de mísseis Scud-C com um alcance de 800 quilômetros e as centenas de Scud-B, cujo alcance ultrapassava os 300 quilômetros em mísseis defensivos de curto alcance.

A partir de outubro de 2002 se iniciou a maratona de visitas a Trípoli: Berlusconi, em outubro de 2002; José Maria Aznar, em setembro de 2003; Berlusconi de novo em fevereiro, agosto e outubro de 2004; Blair, em março de 2004; o alemão Schröeder, em outubro desse ano; Jacques Chirac, em novembro de 2004. Todo o mundo feliz. Poderoso cavaleiro resulta Dom dinheiro.

Khaddhafi percorreu triunfalmente a Europa. Foi recebido em Bruxelas em abril de 2004 por Romano Prodi, presidente da Comissão Europeia; em agosto desse ano o líder líbio convidou Bush para visitar seu país; Exxon Mobil, Chevron Texaco e Conoco Philips ultimavam o reinício da extração de petróleo através de joint ventures.

Em maio de 2006, os Estados Unidos anunciaram a retirada da Líbia da lista de países terroristas e o estabelecimento de relações diplomáticas plenas.

Em 2006 e 2007, a França e os Estados Unidos subscreveram acordos de cooperação nuclear com fins pacíficos; em maio de 2007, Blair voltou visitar o Khaddhafi em Sirte. British Petroleum assinou um contrato “enormemente importante” segundo foi declarado, para a exploração de jazigos de gás.

Em dezembro de 2007, Khaddhafi realizou duas visitas à França e assinou contratos de equipamentos militares e civis no valor de 10 000 milhões de euros; e a Espanha, onde se entrevistou com o presidente do Governo José Luis Rodríguez Zapatero. Contratos milionários foram subscritos com importantes países da NATO.

O quê agora originou a retirada precipitada das embaixadas dos Estados Unidos e dos demais membros da NATO?

Tudo resulta sumamente esquisito.

George W. Bush, o pai da estúpida guerra antiterrorista, declarou a 20 de setembro de 2001 aos cadetes de West Point “Nossa Segurança requererá […] a força militar que vocês dirigirão, uma força que deve estar pronta para atacar imediatamente em qualquer escuro canto do mundo. E nossa segurança requererá que fiquemos prontos para o ataque preventivo quando for necessário defender nossa liberdade e […] nossas vidas.”

“Devemos descobrir células terroristas em 60 países ou mais […] Junto dos nossos amigos e aliados, devemos nos opor à proliferação e encarar os regimes que patrocinam o terrorismo, conforme o requerer cada caso.”

O quê achará Obama desse discurso?

Que sanções imporá o Conselho de Segurança aos que mataram mais de um milhão de civis no Iraque e aos que todos os dias assassinam homens, mulheres e crianças no Afeganistão, onde em dias recentes a população enraivecida se lançou às ruas para protestar contra o massacre de crianças inocentes?

Um telex da AFP procedente de Cabul, datado hoje 9 de março, revela que: “O ano transato foi o mais letal para os civis em nove anos de guerra entre os talibãs e as forças internacionais no Afeganistão, com quase 2 800 mortos, 15% mais do que em 2009, indicou na quarta-feira um relatório da ONU, que sublinha o custo humano do conflito para a população.”

“…a insurreição dos talibãs se intensificou e ganhou terreno nestes últimos anos, com ações de guerrilha mais além dos seus bastiões tradicionais do sul e do leste.”

“Com 2 777 exatamente, o número de civis mortos em 2010 aumentou em 15% relativamente a 2009, indica o relatório anual conjunto da Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão…”

“O presidente Barack Obama expressou a 3 de março seu "profundo pesar" ao povo afegão pelas nove crianças mortas, e também o fizeram o general estadunidense David Petraeus, comandante-em-chefe da ISAF, e o Secretário de Defesa, Robert Gates.”

“…o relatório da UNAMA salienta que o número de civis mortos em 2010 é quatro vezes superior aos soldados das forças internacionais mortos em combate nesse mesmo ano.

“O ano 2010 tem sido, de longe, o ano mais mortífero para os soldados estrangeiros em nove anos de guerra, com 711 mortos, confirmando que a guerrilha dos talibãs se intensificou apesar do envio de 30 000 soldados estadunidenses de reforço no ano passado.”

Durante 10 dias, em Genebra e nas Nações Unidas, foram pronunciados mais de 150 discursos sobre violações dos direitos humanos que foram repetidos milhões de vezes pela televisão, pela rádio, pela Internet e pela imprensa escrita.

O Ministro de Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, em sua intervenção do passado 1 de março de 2011 perante os Ministros de Relações Exteriores reunidos em Genebra, expressou:

“A consciência humana rejeita a morte de pessoas inocentes em qualquer circunstância e lugar. Cuba partilha plenamente a preocupação mundial pelas perdas de vidas de civis na Líbia e deseja que seu povo alcance uma solução pacífica e soberana à guerra civil que ali acontece, sem nenhuma ingerência estrangeira, e que garanta a integridade dessa nação.”

Alguns dos parágrafos finais de sua intervenção foram lapidários:

“Se o direito humano essencial é o direito à vida, estará prestes o Conselho para suspender o caráter de membro dos Estados que desatarem uma guerra?”

“Suspenderá os Estados que financiem e forneçam ajuda militar empregada pelo Estado receptor em violações maciças, flagrantes e sistemáticas dos direitos humanos e em ataques contra a população civil, como as que ocorrem na Palestina?

“Aplicará essa medida contra países poderosos que realizem execuções extrajudiciárias em território de outros Estados com o emprego da alta tecnologia, como munições inteligentes e aviões não tripulados?

“O quê acontecerá com Estados que aceitem em seus territórios cárceres ilegais secretos, facilitem o trânsito de vôos secretos com pessoas seqüestradas ou participem de atos de tortura?”

Partilhamos plenamente a valente posição do líder bolivariano Hugo Chávez e da ALBA.

Somos contra a guerra interna na Líbia, a favor da paz imediata e do respeito pleno à vida e aos direitos de todos os cidadãos, sem intervenção estrangeira, que só serviria ao prolongamento do conflito e aos interesses da NATO.


Fidel Castro Ruz
9 de março de 2011
21h35



quinta-feira, 10 de março de 2011

EQUADOR: A REVOLUÇÃO “CIDADÔ E OS COMUNISTAS


Ivan Pinheiro (*)



Estive recentemente em Quaiaquil, representando o PCB no XV Congresso do PCE (Partido Comunista del Equador), fundado em 1926. Debateram-se no Congresso principalmente o programa e o estatuto do Partido, sem deixar de lado as questões táticas e estratégicas, que incidem sobre os temas principais.

O momento mais emocionante da abertura foi a homenagem ao jovem Edwin Perez, ex Secretário Geral da JCE (Juventude Comunista do Equador), assassinado recentemente por um ativista de direita, em meio a uma eleição do movimento estudantil.

O PCE tem um peso razoável no movimento de massas. Dirige uma das quatro centrais sindicais (CTE - Confederação dos Trabalhadores do Equador); tem presença importante na FEI (Federação Equatoriana de Indígenas) e na Frente Unida de Mulheres e mantém a JCE (Juventude Comunista do Equador);

O PCE não tem registro eleitoral, em razão das dificuldades impostas pela legislação.

Impressionei-me com as possibilidades e perspectivas do PCE, em fase de reconstrução, como o PCB e outras organizações revolucionárias.

Chamou-me particularmente a atenção uma importante presença proletária entre os delegados, assim como de militantes sindicais e sociais, jovens, indígenas e mulheres. Como em quase todos os Partidos Comunistas da América Latina, os dois maiores contingentes, por faixa etária, são o de militantes jovens, com menos de 30 anos, e daqueles com mais de 60 anos. Isto tem a ver com as sangrentas ditaduras dos anos sessenta a oitenta na região, clandestinidades dos Partidos Comunistas, as divisões entre os comunistas e as vicissitudes por que passou a construção do socialismo na União Soviética e no Leste Europeu.

Os debates se deram num ambiente unitário e fraterno, com as divergências sendo expostas com a firmeza e o respeito próprios dos comunistas, sem grupos, tendências.

O papel da juventude na reconstrução do PCE me pareceu decisiva, inclusive na calibragem da tática e da estratégia. Os comunistas mais jovens não conviveram com alguns problemas e deformações que foram comuns à maioria dos Partidos Comunistas do chamado MCI (Movimento Comunista Internacional), sob a liderança do PCUS (Partido Comunista da União Soviética).

Apesar do saldo histórico altamente credor desses Partidos na luta pelos direitos do proletariado, contra o colonialismo, o nazi-fascismo e o imperialismo, pelo socialismo, eles conviveram com o culto à personalidade, o burocratismo, os manuais, o acento exagerado nas alianças com as chamadas burguesias nacionais e a necessidade de colocarem a luta pela paz mundial na ordem do dia, em nome da preservação da União Soviética.

Seria temerário tentar fazer aqui uma análise mais consistente da atualidade equatoriana. Em geral, o PCB conhece muito pouco do Equador, principalmente pelo fato de que nossa presença neste XV Congresso marcou a retomada das relações bilateriais entre nossos Partidos que sempre foram distantes, como o são as relações entre os dois países de uma forma geral, talvez pela falta de fronteiras e de relações sociais e culturais mais fortes.

Mas saí com a impressão de que o PCE adota uma postura correta frente à realidade de seu país, que é bastante distinta da do Brasil, sobretudo no que diz respeito ao desenvolvimento das forças produtivas e, portanto, do capitalismo, e do caráter do governo federal.

A economia equatoriana - sustentada basicamente na exportação de petróleo, frutas, flores, pescado e grãos - tem uma grande dependência ao imperialismo, sobretudo o norte-americano, gerando importantes contradições não só com o proletariado, mas também com setores da pequena e média burguesia. No Brasil, estas contradições não têm o mesmo peso, em face de um capitalismo altamente desenvolvido e integrado ao sistema imperialista, como parte dele, ainda que de forma subalterna, conjugando disputa e subordinação.

As condições equatorianas guardam semelhança, por exemplo, com as da Bolívia e da Venezuela, países em que há espaço para revoluções nacionais democráticas com conteúdo anti-imperialista, antimonopolista e antilatifundiário.

Assim como nos parece correto os comunistas participarem, com independência política e criticamente, dos processos de mudanças na Bolívia e na Venezuela, parece correto o fazerem no Equador, mesmo que o processo nesse país ainda não apresente o mesmo grau de radicalidade. Aliás, nesses três países os comunistas participam e lutam pela radicalização do processo de mudanças, mas não ocupam cargos nos governos e nem os defendem acriticamente, levantando bem alto a bandeira do socialismo.

O longo discurso do Ministro das Relações Exteriores do Equador no Congresso do PCE foi muito importante para compreender o significado da expressão “revolução cidadã”, usada pelo governo Rafael Correa. Trata-se de um reformismo assumido. Baseia-se no que chamam de “socialismo do bem viver”, que basicamente propõe a harmonia do homem com a natureza (a Pacha Mama), com fundamento em princípios éticos e humanistas, conceitos como “comércio justo”, defesa das cooperativas, pequenas e médias empresas, agricultura familiar etc. Apresentam este processo como um socialismo novo, o socialismo do século XXI. Na Bolívia, o discurso é semelhante, se bem que Evo Morales verbaliza a luta pelo fim do capitalismo e não subestima a base de sustentação política que lhe assegura o movimento de massas.

Mas o que chama atenção no Equador é a violência da direita política contra o governo. Como na Venezuela, a mídia burguesa é o maior partido de oposição, coadjuvado pelas associações empresariais, partidos conservadores e ONGs financiadas pela USAID, sob a direção da embaixada norte-americana.

Afinal de contas, Rafael Correa, apesar de limitações, promoveu algumas mudanças. Começou com uma auditoria da dívida externa, que reconheceu apenas 30% do total até então cobrado pelos credores. Através de uma Constituinte livre e soberana, independente do parlamento, propiciou uma nova constituição (promulgada em julho de 2008), avançada em termos de direitos sociais. Determinou a retirada da grande base militar dos EUA que era localizada em Manta. Não se curvou ao estado terrorista colombiano quando este invadiu o espaço aéreo do Equador para assassinar covardemente o comandante Raul Reys (das FARC) e outros militantes, numa ação em parceria com a CIA e a Mossad.

Correa também vem estatizando gradualmente a indústria petroleira, com a criação de um novo marco regulatório, em que o Equador retoma sua soberania sobre parte de suas riquezas e usufrui de seus rendimentos. Isto levou empresas estrangeiras a se retirarem do país, inclusive a Petrobrás, que passa a falsa ideia de se tratar de uma empresa estatal brasileira, mas que tem a maioria de suas ações em mãos privadas, vendidas na Bolsa de Nova Iorque, e que se comporta como qualquer multinacional.

Neste novo marco, a atual estatal PETROEQUADOR vai se dedicar apenas à gestão da política governamental para o setor. Estão sendo criadas mais duas estatais, a PETROAMAZONAS - que vai operar os campos de petróleo, inclusive na área que resultou da expulsão da empresa norte-americana OXY – e a PETROPACÍFICO, que ficará responsável pelo refino e comercialização dos derivados do petróleo.

No mesmo sentido, o Equador mudou a forma subalterna e corrupta com que os políticos burgueses tradicionais se relacionavam com empreiteiras estrangeiras, o que levou inclusive à expulsão do país da Odebrecht, a mais famosa empreiteira brasileira na América Latina, alavancada pelo governo Lula, através de um banco de fomento estatal.

Mas a mais grave transgressão aos ditames e interesses do imperialismo foi o país ter sido um dos fundadores da ALBA (Alternativa Bolivariana para as Américas), juntamente com Cuba, Venezuela, Bolívia, Nicarágua. Para se ter uma ideia, a adesão à ALBA – que vem promovendo uma integração soberana e anti-imperialista entre os países da região – foi o principal motivo do golpe em Honduras.

Agora mesmo o governo vem sendo violentamente atacado por ter convocado um plebiscito que será realizado no próximo mês de abril, uma consulta popular com dez perguntas, entre elas sobre medidas contra a corrupção, a evasão fiscal, os monopólios da mídia e do capital financeiro e a morosidade e cumplicidade da justiça com os interesses do capital.

Uma grande polêmica que se instalou na sociedade equatoriana é se houve ou não uma tentativa de golpe e de assassinato de Rafael Correa, em 30 de setembro do ano passado. Tudo leva a crer que, mesmo que houvesse um plano pré-estabelecido, a direita se aproveitou de uma rebelião de policiais para tentar promover o golpe de estado e o assassinato. Por outro lado, a impressão é de que a mobilização de setores populares que apóiam o Presidente foi decisiva para frustrar o intento golpista.

Ao que tudo indica, Rafael Correa, carismático e midiático, soube extrair do episódio um grande ganho político, que lhe assegurou o maior índice de aprovação popular desde a posse e, principalmente, melhores condições de governabilidade.

Dos diversos informes e opiniões diferentes a que tive acesso, é certo que não foram todos os segmentos populares que deram solidariedade ao Presidente naquele momento. As razões residem nas limitações de uma revolução nacional e democrática hegemonizada por setores da pequena e média burguesia e não pelo proletariado. As mudanças não chegam às relações entre capital e trabalho o que, compreensivelmente, desilude segmentos populares em relação à “revolução cidadã”, em que os cidadãos são portadores de direitos formalizados na constituição, mas não sentem qualquer mudança em suas condições de vida.

Além do mais, o Estado não sofre mudanças significativas, funcionando como aparato repressor das classes dominantes e fundamentalmente a serviço delas.

A maior virtude de um processo como este é que torna evidente a luta de classes, contrapondo os interesses do capital aos do proletariado, dos trabalhadores e de setores das camadas médias. Isto não ocorre em processos mitigados, de conciliação de classe, como no Brasil, em que os governos e os partidos ditos de esquerda que lhes apóiam não mobilizam as massas e não enfrentam ideologicamente o capitalismo, até porque têm como objetivo principal fazer do Brasil uma potência capitalista mundial.

A maior debilidade do processo equatoriano é a falta de um instrumento político e de uma organização de massas que impulsione as mudanças no sentido de uma revolução verdadeiramente socialista, que vá na direção do poder popular e da ruptura gradual com o estado burguês.

Aqui reside o “tendão de Aquiles” do processo. O Presidente se comporta como um caudilho de esquerda, numa relação direta com as massas, subestimando a importância da organização e mobilização popular e a construção de uma frente revolucionária.

A tomada do poder político por parte da maioria do povo nunca foi nem será uma concessão generosa das classes dominantes. O sistema de exploração que funde os interesses das chamadas burguesias nacionais com os do imperialismo não “cai de podre” nem pelo passar do tempo. Os exploradores não entregam voluntariamente o poder aos explorados, nem mesmo quando setores representativos destes últimos ganham uma eleição, nos marcos da democracia burguesa. Às vezes, são obrigados, a contragosto, a entregar o governo a setores populares, mas estes só alcançarão o poder popular com lutas muito duras, acumulando forças e golpeando o estado burguês, utilizando-se de métodos e formas de luta as mais variadas (institucionais e insurgentes), adaptadas às circunstâncias, tendo principalmente em conta a correlação de forças entre as classes em luta.

Seja qual for a via da conquista do governo, o caminho ao socialismo só pode ser pavimentado na mobilização e ação das massas e sob a direção de uma vanguarda revolucionária, não através de um partido único, mas de uma frente.

O PCE está atento às limitações e aos desafios do processo. Na última nota política do Comitê Central anterior ao Congresso, o Partido defendia, para a atual etapa do processo equatoriano, “RADICALIZAR, APROFUNDAR E PINTAR DE POVO O PROCESSO”, levantando várias bandeiras, como dinamizar a reforma agrária, consolidar a política externa soberana, desmontar as instituições burguesas do aparelho estatal e fortalecer a unidade de todas as forças sociais e políticas revolucionárias.

Nas Teses ao XV Congresso do PCE, neste particular aprovadas pelo Plenário, se diz no item A ESTRATÉGIA DA REVOLUÇÃO EQUATORIANA que “a luta do povo equatoriano é contra o imperialismo, as oligarquias e os latifundiários”.

Na citação de parte das teses ao Congresso, com a qual encerro esta singela contribuição, fica claro que o PCE não se ilude com a revolução nacional libertadora, em aliança com a burguesia dita nacional. Colocam claramente que a contradição fundamental da sociedade equatoriana “se expressa em duas formas: a contradição entre nossa nação, nosso povo e o imperialismo, em particular o norte-americano, e a crescente contradição entre o capital e o trabalho, entre as forças produtivas que lutam por se desenvolver e as relações sociais de produção baseadas na exploração dos trabalhadores da cidade e do campo”.

“A luta entre os beneficiários da atual ordem de coisas e as massas empobrecidas do povo equatoriano nos conduz a definir como tarefa histórica do momento atual um processo de liberação social e nacional que nos leve através de mudanças ininterruptas ao estabelecimento do regime socialista no Equador, como parte integrante da etapa histórica do trânsito do capitalismo ao socialismo.”

* Ivan Pinheiro é Secretário Geral do PCB (Partido Comunista Brasileiro) – março de 2011

quarta-feira, 9 de março de 2011

IMPERIALISMO E SUAS GARRAS

Aumenta o perigo de intervenção imperialista na Líbia

por Sara Flounders

A pior coisa que poderia acontecer ao povo da Líbia seria uma intervenção dos EUA.

A pior coisa que poderia acontecer ao levantamento revolucionário que sacode o mundo árabe seria uma intervenção dos EUA na Líbia.

A Casa Branca está a reunir-se com os seus aliados dos países imperialistas europeus da NATO para discutir a imposição de uma zona de interdição de voo (no-fly zone) sobre a Líbia, a interferência electrónica de todas as comunicações do presidente Moammar Kadafi dentro da Líbia e o estabelecimento de corredores militares dentro da Líbia a partir do Egipto e da Tunísia, supostamente para "assistir refugiados". (New York Times, 27 Fev.)

Isto significa posicionar tropas dos EUA/NATO no Egipto e na Tunísia junto aos dois mais ricos campos petrolíferos da NATO, tanto a Leste como a Oeste. Significa o Pentágono coordenar manobras com militares egípcios e tunisinos. O que é que poderia ser mais perigoso para as revoluções egípcia e tunisina?

A Itália, outrora a colonizadora da Líbia, suspendeu um tratado de 2008 com a Líbia que incluía uma cláusula de não agressão, movimento que poderia permitir que fizesse parte de futuras operações de "manutenção da paz" ali e permitir a utilização das suas bases militares em qualquer intervenção possível. Várias bases dos EUA e da NATO na Itália, incluindo a base da Sexta Frota dos EUA em Nápoles, poderiam ser áreas de preparação para acções contra a Libia.

O presidente Barack Obama anunciou que "o conjunto completo de opções" está a ser considerado. Esta é a linguagem de Washington para operações militares.

A secretária de Estado Hillary Clinton encontrou-se em Genebra a 28 de Fevereiro com ministros de Negócios Estrangeiros no Conselho da ONU de Direitos Humanos para discutir possíveis acções multilaterais.

Enquanto isso, a somar-se aos tambores de guerra pela intervenção militar, está a divulgação de uma carta pública do Foreign Policy Initiative, um think tank de extrema direita considerado como o sucessor do Project for the New American Century, a apelar para que os EUA e NATO preparem "imediatamente" acção militar para ajudar a deitar abaixo o regime Kadafi.

Dentre os signatários do apelo público incluem-se William Kristol, Richard Perle, Paul Wolfowitz, Elliott Abrams, Douglas Feith e mais de uma dúzia de antigos altos responsáveis da administração Bush, mais vários democratas liberais eminentes tais como Neil Hicks do Human Rights First e John Shattuck, chefe dos "direitos humanos" de Bill Clinton.

A carta apela a sanções económicas e acções militares: posicionamento de aviões de guerra e de uma frota naval da NATO para impor zonas de interdição de voo e para ter capacidade de neutralizar vasos navais líbios.

Os senadores John McCain e Joseph Lieberman, quando em Tel Aviv a 25 de Fevereiro, apelaram a Washington para o fornecimento de armas aos rebeldes líbios e ao estabelecimento de uma zona de interdição de voo sobre o país.

Não se pode ignorar os apelos a contingentes da ONU de trabalhadores médicos e humanitários, monitores de direitos humanos e investigadores do Tribunal Penal Internacional a serem enviados à Líbia com uma "escolta armada".

Proporcionar ajuda humanitária não tem de incluir militares. A Turquia evacuou 7000 dos seus cidadãos em ferries e voos charter. Uns 29 mil trabalhadores chineses deixaram o país via ferries, voos charter e transportes terrestres.

Contudo, o modo pelo qual as potências europeias estão a evacuar os seus cidadãos da Líbia durante esta crise envolve uma ameaça militar e faz parte da manobra imperialista para obter posições futuras na Líbia.

A Alemanha enviou três navios de guerra, com 600 soldados, e dois aviões militares para retirar 200 empregados alemães da empresa de exploração de petróleo Wintershall de um campo no deserto a 600 milhas [965 km] a Sudeste de Trípoli. Os britânicos enviaram o navio de guerra HMS Cumberland para evacuar 200 cidadãos seus e anunciaran que o destróier York estava a caminho a partir de Gibraltar.

Os EUA anunciaram a 28 de Fevereiro que estavam a enviar o enorme porta-aviões USS Enterprise e o navio anfíbio de assalto USS Kearsarge do Mar Vermelho para as águas ao largo da Líbia, onde juntar-se-ão ao USS Mount Whitney e outros navios de guerra da Sexta Frota. Oficiais estado-unidenses chamam a isto um "pré-posicionamento de activos militares".

ONU VOTA SANÇÕES

O Conselho de Segurança da ONU – sob a pressão dos EUA – em 26 de Fevereiro votou pela imposição de sanções à Líbia. Segundo estudos de agências da própria ONU, mais de um milhão de crianças iraquianas morreram em consequência de sanções impostas pelos EUA/ONU àquele país, que aplanaram o caminho para uma invasão real dos EUA. Sanções são crimes e confirmam que esta intervenção não se deve a preocupações humanitárias.

A absoluta hipocrisia da resolução sobre a Líbia exprimindo preocupação pelos "direitos humanos" é difícil de superar. Apenas quatro dias antes da votação, os EUA utilizaram o seu direito de veto para impedir uma resolução redigida em linguagem moderada que criticava colonatos israelenses em terra palestina na Cisjordânia.

O governo dos EUA impediu o Conselho de Segurança de adoptar qualquer acção durante o massacre israelense de Gaza em 2008, o qual resultou nas mortes de mais de 1500 palestinos. Estes corpos internacionais, bem como o Tribunal Penal Internacional, têm estado silenciosos sobre massacres israelenses, sobre ataques de aviões sem pilotos dos EUA a civis indefesos no Paquistão e sobre as criminosas invasões e ocupações do Iraque e do Afeganistão.

O facto de a China ter anuído à votação das sanções é um exemplo infeliz de como o governo de Pequim permite que o seu interesse no comércio e nos embarques continuados de petróleo prevaleçam sobre a sua passada oposição a sanções que prejudicam claramente populações civis.

QUEM DIRIGE A OPOSIÇÃO?

É importante olhar o movimento de oposição, especialmente aqueles que estão a ser amplamente citados em todos os media internacionais. Devemos assumir que pessoas que sofreram injustiças reais dele participam. Mas quem realmente dirige o movimento?

Um artigo de primeira página no New York Times de 25 de Fevereiro descrevia quão diferente é a Líbia em relação às outras lutas que estalam por todo o mundo árabe. "Ao contrário das rebeliões juvenis possibilitadas pelo Facebook, aqui a insurreição foi conduzida por pessoas que são mais maduras e que têm estado a opor-se activamente ao regime durante algum tempo". O artigo descreve como foram contrabandeadas armas através da fronteira com o Egipto ao longo de semanas, permitindo à rebelião "escalar rápida e violentamente em pouco mais de uma semana".

O grupo de oposição mais amplamente citado é a Frente Nacional para a Salvação da Líbia. A FNSL, fundada em 1981, é conhecida por ser uma organização financiada pela CIA, com escritórios em Washington, DC. Ela tem mantido no Egipto, junto à fronteira, uma força militar chamada Exército Nacional Líbio. Se se procurar no Google "National Front for the Salvation of Libya" e "CIA" rapidamente descobrem-se centenas de referências [NR: 16.900 resultados]

Também é muito citada a National Conference for the Libyan Opposition. Isto é uma coligação constituída pela FNSL que também inclui a Libyan Constitutional Union, dirigida por Muhammad as-Senussi, um aspirante ao trono líbio. O sítio web da LCU apela a que o povo líbio reitere um juramento de lealdade ao rei Idris El-Senusi como seu líder histórico. A bandeira utilizada pela coligação é a do antigo reino da Líbia.

É claro que estas forças financiadas pela CIA e antigos monárquicos são politicamente e socialmente diferentes da juventude e trabalhadores privados de direitos que marcharam aos milhões contra ditadores apoiados pelos EUA no Egipto e na Tunísia e estão hoje a manifestar-se no Bahrain, Iémen e Oman.

Segundo o artigo do Times, a ala militar da FNSL, utilizando armas contrabandeadas, rapidamente tomou postos policiais e militares na cidade portuária de Benghazi e áreas vizinhas que estão a norte dos mais ricos campos de petróleo da Líbia e onde se localiza a maior parte dos oleodutos, gasodutos, refinarias e terminal portuário de gás natural liquefeito. O Times e outros media ocidentais afirmam que esta área, agora sob "controle da oposição", inclui 80 por cento das instalações petrolíferas da Líbia.

A oposição líbia, ao contrário de movimentos alhures no mundo árabe, desde o princípio apelou à assistência internacional. E os imperialistas responderam rapidamente.

Exemplo: Mohammed Ali Abdallah, vice secretário-geral da FNSL, emitiu um apelo desesperado: "Estamos à espera de um massacre". "Estamos a enviar um SOS à comunidade internacional para intervir". Sem esforços externos para conter Kadafi, "haverá um banho de sangue na Líbia nas próximas 48 horas".

O Wall Street Journal, a voz do big business, num editorial em 23 de Fevereiro dizia que "Os EUA e a Europa deveriam ajudar os líbios a derrubar o regime Kadafi".

INTERESSE DOS EUA – PETRÓLEO

Por que Washington e as potências europeias estão desejosos e ansiosos por actuarem na Líbia?

Quando acontece algo novo é importante rever o que sabemos do passado e perguntar sempre quais são os interesses das corporações estado-unidenses na região.

A Líbia é um país rico petróleo – um dos 10 mais ricos do mundo. A Líbia tem as maiores reservas provadas da África, pelo menos 44 mil milhões de barris. Ela tem estado a produzir 1,8 milhão de barris de petróleo por dia – um bruto leve que é considerada da melhor qualidade e precisa de menos tratamento do que a maior parte dos outros petróleos. A Líbia também tem grandes depósitos de gás natural que é fácil canalizar directamente para mercados europeus. É um país grande em área com uma pequena população de 6,4 milhões de pessoas.

É assim que as poderosas corporações petrolíferas e militares dos EUA, bancos e instituições financeiras que dominam os mercados globais encaram a Líbia.

Petróleo e gás são hoje as commodities mais valiosas e a maior fonte de lucros no mundo. Ganhar o controle de campos petrolíferos, oleodutos, gasodutos, refinarias e mercados orienta grande parte da política imperialista dos EUA.

Durante as duas décadas de sanções dos EUA sobre a Líbia, com que Washington pretendia deitar abaixo o regime, interesses corporativos europeus investiram pesadamente no desenvolvimento de pipelines e infraestruturas ali. Cerca de 85 por cento das exportações da Líbia vão para a Europa.

Transnacionais europeias – em particular a BP, Royal Dutch Shell, Total, ENI, BASF, Statoil e Repsol – dominaram o mercado do petróleo da Líbia. As corporações gigantes dos EUA foram deixadas fora destes negócios lucrativos. A China tem estado a comprar uma quantidade crescente do óleo produzido pela National Oil Corp. da Líbia e construiu um pequeno oleoduto na Líbia.

Os enormes lucros que poderiam ser feitos com o controle do petróleo e gás natural da Líbia são o que está por trás do apelo trombeteado pelos media corporativos dos EUA pela "intervenção humanitária para salvar vidas".

Manlio Dinucci, jornalista italiano que escreve para Il Manifesto, explicou em 25 de Fevereiro que "se Kadafi for derrubado, os EUA seriam capazes de fazer ruir toda a estrutura das relações económicas com a Líbia, abrindo o caminho para multinacionais com base nos EUA, até agora quase totalmente excluídas da exploração das reservas de energia na Líbia. Os Estados Unidos poderiam então controlar a torneira de fontes de energia de que a Europa depende amplamente e que também abastecem a China" .

ANTECEDENTES

A Líbia foi uma colónia italiana desde 1911 até a derrota da Itália na II Guerra Mundial. As potências imperialistas ocidentais após a guerra estabeleceram por toda a região regimes que eram chamados estados independentes mas eram encabeçados por monarcas nomeados sem o voto democrático do povo. A Líbia tornou-se um país nominalmente soberano, mas estava firmemente amarrado aos EUA e Grã-Bretanha sob um novo monarca – o rei Idris.

Em 1969, quando uma onda de lutas anti-coloniais varreu o mundo colonizado, oficiais militares de baixa patente moldados pelo revolucionário nacionalismo pan-árabe derrubaram Idris, que estava em férias na Europa. O líder do golpe era Moammar Kadafi, com 27 anos.

A Líbia mudou o seu nome de Reino da Líbia para República Árabe Líbia e posteriormente para Grande Jamahiriya Árabe Líbia do Povo Socialista.

Os jovens oficiais ordenaram o encerramento das bases dos EUA e Grã-Bretanha na Líbia, incluindo a grande Base Aérea Wheelus do Pentágono. Nacionalizaram a indústria petrolífera e muitos interesses comerciais que estavam sob o controle imperialista estado-unidense e britânico.

Estes oficiais não chegaram ao poder num levantamento revolucionário das massas. Não foi uma revolução socialista. Ainda era uma sociedade de classe. Mas a Líbia já não estava sob domínio estrangeiro.

Foram efectuadas muitas mudanças progressistas. A nova Líbia obteve muitos ganhos económicos e sociais. As condições de vida para as massas melhoraram radicalmente. A maior parte das necessidades básicas – alimentação, habitação, combustível, cuidados de saúde e educação – foram fortemente subsidiadas ou tornaram-se inteiramente gratuitas. Os subsídios foram utilizados como o melhor meio de redistribuir a riqueza nacional.

As condições para as mulheres mudaram radicalmente. Em 20 anos a Líbia alcançou a mais alta classificação no Índice de Desenvolvimento Humano da África – uma medida da ONU de expectativa de vida, realização educacional e rendimento real corrigido. Ao longo das décadas de 1970 e 1980 a Líbia tornou-se conhecida internacionalmente por adoptar fortes posições anti-imperialistas e apoiar outras lutas revolucionárias, desde o Congresso Nacional Africano na África do Sul até a Organização de Libertação da Palestina e o Exército Republicano Irlandês.

Os EUA executaram numerosas tentativas de assassínio e tentativas de golpe contra o regime Kadafi e financiaram grupos armados de oposição, tais como a FNSL. Alguns ataques foram flagrantes e abertos. Exemplo: sem aviso prévio 66 jactos dos EUA bombardearam Trípoli, a capital líbia, e a sua segunda maior cidade, Benghazi, em 15 de Abril de 1986. A casa da Kadafi foi bombardeada e a criança sua filha morta no ataque, juntamente com centenas de outros.

Ao longo das décadas de 1980 e 1990 os EUA tiveram êxito em isolar a Líbia através de severas sanções económicas. Foram feitos todos os esforços para sabotar a economia e desestabilizar o governo.

DEMONIZAÇÃO DE KADAFI

Cabe ao povo da Líbia, da África e do mundo árabe avaliar o papel contraditório de Kadafi, o presidente do Conselho do Comando Revolucionário da Líbia. O povo daqui [EUA], no centro de um império construído sobre a exploração global, não deveria aderir às caracterizações racistas, ridicularizações e demonizações de Kadafi que saturam os media corporativos.

Mesmo que Kadafi fosse tão sereno e austero quanto um monge e tão cuidadoso quanto um diplomata, como presidente de país africano rico em petróleo anteriormente subdesenvolvido ele ainda teria sido odiado, ridicularizado e demonizado pelo imperialismo dos EUA se houvesse resistido ao domínio corporativo estado-unidense. Esse foi o seu crime real pelo qual nunca foi esquecido.

É importante assinalar que termos degradantes e racistas nunca são utilizados contra peões ou ditadores confiáveis dos EUA, não importa quão corruptos ou brutais possam ser para o seu próprio povo.

AMEAÇAS DOS EUA OBRIGAM A CONCESSÕES

Foi após o crime de guerra dos EUA denominado "pavor e choque", com o maciço bombardeamento aéreo do Iraque seguido de uma invasão terrestre e ocupação, que a Líbia finalmente sucumbiu às exigências estado-unidenses. Após décadas de solidariedade militante e anti-imperialista, a Líbia mudou de curso drasticamente. Kadafi ofereceu ajuda aos EUA na sua "guerra ao terror".

As exigências de Washington foram onerosas e humilhantes. A Líbia foi forçada a aceitar a plena responsabilidade pelo derrube do avião de Lockerbie e a pagar US$2,7 mil milhões em indemnizações. Isso foi só o princípio. A fim de as sanções dos EUA serem suspensas, a Líbia teve de abrir seus mercados e "reestruturar" a sua economia. Tudo isso fez parte do pacote.

Apesar das muitas concessões de Kadafi e das subsequentes grandes recepções em sua homenagem por parte de chefes de estado europeus, o imperialismo estado-unidense estava a planear a sua humilhação completa e a sua queda. Think tanks dos EUA empenhavam-se em numerosos estudos sobre como minar e enfraquecer o apoio popular de Kadafi.

Estrategas do FMI aterraram na Líbia com programas. Os novos conselheiros económicos prescreveram as mesmas medidas que impõem a todo país em desenvolvimento. Mas a Líbia não tinha uma dívida externa; tinha uma balança comercial positiva de US$27 mil milhões por ano. A única razão porque o FMI exigiu acabar com os subsídios de necessidades básicas era minar a base social de apoio ao regime.

A "liberalização do mercado" da Líbia significou um corte de US$5 mil milhões no valor dos subsídios anuais. Durante décadas o estado estivera a subsidiar 93 por cento do valor de várias commodities básicas, nomeadamente combustível. Depois de aceitar o programa do FMI, o governo duplicou o preço da electricidade para os consumidores. Houve uma alta súbita de 30 por cento nos preços dos combustíveis. Isto desencadeou aumentos de preços em muitos outros bens e serviços.

Disseram à Líbia para privatizar 360 empresas estatais, incluindo siderurgia, cimenteiras, firmas de engineering, fábricas de alimentos, linhas de montagem de camiões e autocarros e unidades agrícolas estatais. Isto resultou em milhares de trabalhadores desempregados.

A Líbia teve de vender uma fatia de 60 por cento na companhia petrolífera estatal Tamoil Group e privatizar a sua Companhia Geral Nacional de Farinhas e Forragens.

O Carnegie Endowment Fund estava a controlar o impacto das reformas económicas. Um relatório de 2005 intitulado "Reforma económicas irritam cidadãos líbios" (“Economic Reforms Anger Libyan Citizens”), de Eman Wahby, dizia que "Outro aspecto da reforma estrutural foi o fim das restrições a importações. Foram garantidas licenças a companhias estrangeiras para exportar para a Líbia através de agentes locais. Em consequência, produtos de todo mundo inundaram o mercado líbio anteriormente isolado". Isto foi um desastre para os trabalhadores nas fábricas da Líbia, as quais não estavam preparadas para enfrentar a competição.

Mais de US$4 mil milhões entraram na Líbia, a qual se tornou o principal receptor africano de investimento estrangeiro. Como os banqueiros e os seus think tanks bem sabem, isto não beneficiou as massas líbias, empobreceu-as.

Mas não importava o que Kadafi fizesse, nunca era o suficiente para o poder corporativo dos EUA. Os banqueiros e financeiros queriam mais. Não havia confiança. Kadafi havia-se oposto aos EUA durante décadas e ainda era considerado altamente "inconfiável".

Em Maio de 2005 a revista US Banker publicou um artigo intitulado "Mercados emergente: Será a Líbia a próxima fronteira para bancos dos EUA?" ("Emerging Markets: Is Libya the Next Frontier for U.S. Banks?"). Ali se dizia que "Quando o país atravessa reforma, os lucros acenam. Mas o caos abunda". A revista entrevistou Robert Armao, presidente do Conselho Económico e Comercial EUA-Líbia com sede em Nova York: "Todos os grandes bancos ocidentais agora estão a explorar oportunidades ali", disse Armao. "A situação política com Kadafi ainda é muito suspeita". O potencial "parece maravilhoso para bancos. A Líbia é um país intacto e uma terra de oportunidade. Ela acontecerá, mas isso pode levar algum tempo".

A Líbia nunca foi um país socialista. Sempre houve ali vasta riqueza herdada e velhos privilégios. É uma sociedade de classe com milhões de trabalhadores, muitos deles imigrantes.

Reestruturar a economia a fim de maximizar lucros para banqueiros ocidentais desestabilizou relações, mesmo nos círculos dirigentes. Quem obtém negócios de privatização de indústrias chave, que famílias, que tribos? Quem é deixado de fora? Velhas rivalidades e competições vieram à superfície.

Quão cuidadosamente o governo dos EUA estava a monitorar estas mudanças impostas pode ser visto nos telegramas da Embaixada dos EUA em Trípoli divulgados recentemente pelo WikiLeaks, publicado no jornal britânico Telegraph de 31 de Janeiro. Um telegrama intitulado "inflação sobe na Líbia", enviado em 4 de Janeiro de 2009, descrevia o impacto de "um programa radical de privatização e reestruturação do governo".

"Aumentos significativos foram vistos", dizia o telegrama, "nos preços alimentares – o preço de bens anteriormente subsidiados tais como açúcar, arroz e farinha aumentou 85 por cento em dois anos desde que os subsídios foram suspensos. Materiais de construção também aumentaram significativamente: preços para cimento, madeira aglomerada e tijolos aumentaram 65 por cento no ano passado. O cimento passou de 5 dinares líbios por um saco de 50 kg para 17 dinares em um ano; o preço de varão de aço aumentou num factor de dez.

"O término [pelo governo líbio] de subsídios e controles de preços como parte de um programa mais vasto de reforma económica e privatização certamente contribuiu para pressões inflacionárias e provocou alguns resmungos.

"A combinação de alta inflação e diminuição de subsídios e controles de preços é preocupante para um público líbio habituado a uma maior protecção do governo em relação às forças do mercado".

Estes telegramas da Embaixada dos EUA confirmam que enquanto continuavam a manter e financiar grupos da oposição líbia no Egipto, Washington e Londres também estavam constantemente a medir a temperatura do descontentamento em massa provocado pelas suas políticas.

Hoje milhões de pessoas nos EUA e por todo o mundo estão profundamente inspiradas pelas acções de milhões de jovens nas ruas do Egipto, Tunísia, Bahrain, Iémen e agora Oman. O impacto é sentido mesmo na ocupação de Wisconsin.

É vital ao movimento político com consciência de classe dos EUA resistir às enormes pressões de uma campanha orquestrada para a intervenção militar na Líbia. Uma nova aventura imperialista deve ser desafiada. Solidariedade com os movimentos dos povos! Fora com as mãos dos EUA!

02/Março/2011 Articles copyright 1995-2011 Workers World. Verbatim copying and distribution of this entire article is permitted in any medium without royalty provided this notice is preserved.

O original encontra-se em http://www.workers.org/2011/world/no_us_attack_on_libya_0310/

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .