segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O MUNDO ÁRABE DESPERTA!


Primeiro foram os protestos em Argel contra a subida dos preços. Depois ocorreram as grandes manifestações da Tunísia, reprimidas com ferocidade pela ditadura de Zin Ben Ali.

O protesto evoluiu para rebelião nacional. Em Washington acreditou-se que a fuga de Ben Ali e a formação imediata de um governo transitório presidido pelo primeiro-ministro Ghanuchi «normalizaria» a situação. Mas isso não aconteceu. O povo manteve-se nas ruas exigindo o afastamento de todos os ex-ministros do ditador incluindo o primeiro-ministro e a punição dos elementos da engrenagem corrupta do Poder.

Na Casa Branca e no Pentágono a inquietação cedeu lugar a uma atmosfera de alarme quando os acontecimentos da Tunísia começaram a abalar o mundo árabe, do Atlântico ao Tigre e ao Golfo Pérsico.

No Cairo e depois em Suez e noutras cidades os egípcios decidiram também desafiar o poder despótico de um regime corrupto e vassalo. Hosni Mubarak respondeu com a repressão. Mas o povo não se intimidou e, em manifestações gigantescas, exigiu a renúncia do presidente e da sua camarilha. Isso no momento em que Mubarak, na presidência há três décadas, se preparava para designar como seu sucessor o filho Gamal.

Quase simultaneamente, em efeito de contágio dominó, os iemenitas tomaram as ruas em Sana, a capital, num movimento de protesto torrencial.

Em Marrocos, o rei, dócil instrumento dos EUA e da França, assustado, decide impedir a subida do preço dos alimentos e de bens essenciais, temendo pelo futuro da monarquia feudal.

Na Arábia Saudita o clima é de tensão. O mesmo ocorre no Sultanato de Oman e na Jordânia, um estado artificial criado pelos ingleses após a I Guerra Mundial.

Registe-se que todos esses países eram (ou são) oprimidos por regimes ditatoriais, tutelados por Washington, cujos governantes actuam como instrumentos da sua estratégia para o Médio Oriente e a África muçulmana.

OS EUA temem sobretudo o rumo imprevisível da situação criada no Egipto, um gigante com quase 80 milhões de habitantes, o país tampão entre a África e a Ásia que controla o Canal de Suez e tem uma fronteira explosiva com a Palestina (Gaza) e Israel.

Mubarak tem sido ao longo dos 30 anos do seu consulado o mais submisso dos aliados de Washington. Com excepção de Israel, é o maior recebedor da «ajuda» financeira norte-americana, 1.300 milhões de dólares por ano, grande parte investida na compra de armamento.

O Egipto foi o primeiro país árabe a estabelecer relações diplomáticas com o Estado sionista de Israel e sem a sua cumplicidade a estratégia de dominação imperialista na Região seria inviável.

É compreensível portanto o temor de Washington (e de Tel Aviv) nascido da rebelião em marcha dos povos árabes contra os regimes ditatoriais que suportam há décadas.

Como era de esperar, os analistas de serviço nos media portugueses acumulam disparates nos comentários aos acontecimentos da Tunísia e do Egipto.

Fazer previsões sobre o desfecho das rebeliões populares árabes que alarmam a Casa Branca e as burguesias europeias, suas aliadas seria uma imprudência.

Mas pode-se afirmar que a saída torrencial das massas às ruas em países aliás muito diferentes, exigindo o fim de regimes autocráticos e corruptos, configura uma derrota do imperialismo.

É significativo que El Baradei (um politico que goza da confiança do Departamento de Estado) tenha voado imediatamente para o Cairo, apresentando-se como alternativa a Mubarak. Cumprir ali a missão de bombeiro no incêndio social egípcio é o seu objectivo. Também na Tunísia, os EUA tudo farão para evitar a radicalização do processo.

Seja qual for o desenvolvimento das lutas populares em curso, a atitude de intelectuais que se apressaram a antever na rebelião tunisina o prólogo de um 25 de Abril árabe é romântica.

Não devemos esquecer o ensinamento de Lenine segundo o qual não há revolução social profunda vitoriosa, que dure, sem que a sua direcção seja assumida por um partido ou organização revolucionária. E tal partido não é identificável na rebelião árabe, marcada pelo espontaneismo.

O tsunami político que agita o mundo árabe deve porém ser saudado com firmeza e entusiasmo pelas forças progressistas em todo o mundo. As massas, assumindo-se como sujeito histórico, tomam as ruas. A rebelião pode desembocar em revoluções democráticas nacionais.



OS EDITORES DE ODIARIO.INFO




sábado, 29 de janeiro de 2011

JUVENTUDE COMUNISTA REORGANIZA-SE NO MÉXICO


Trabalho juvenil comunista é reorganizado no México

Ver: http://elcomunista.nuevaradio.org/?p=8
Liga da Juventude Comunista
21. Jan.11 - Notícias


Declaração da Liga da Juventude Comunista

Aos jovens trabalhadores.

Aos jovens estudantes.

A toda juventude mexicana.

A presente declaração é direcionada a toda juventude proletária, campesina, estudantil, a todos os jovens que se encontram em situação de pobreza, desemprego, sem acesso a educação e sem direitos trabalhistas. O nosso interesse é que estas linhas sejam conhecidas por toda a juventude, em especial pelos jovens que possuam coragem e determinação para promover mudanças em nosso México e em todo o mundo.

Ao contrário do que afirmam os ideólogos burgueses, o sistema capitalista se encontra numa profunda crise econômica. Tal crise está sendo provocada por contradições inerentes ao próprio modo de produção capitalista, essencialmente a contradição capital/ trabalho. Em consequência disso, a humanidade enfrenta uma grave crise ambiental, social, política e cultural. Nos últimos vinte anos, foi confirmado que o Capitalismo se encontra incapacitado para resolver os problemas que afligem os povos e que, além de não querer resolvê-los, segue utilizando a guerra para apropriar-se de novos territórios, praticando a pilhagem e a espoliação dos povos. Mesmo assim se vale da mentira e da calúnia para desprestigiar, criminalizar e reprimir todos aqueles que lutam, dia após dia, por um mundo diferente.

A investida do Imperialismo golpeia sem fazer distinção quanto ao sexo, idade ou nacionalidade. Das cidades industrializadas até o âmbito rural, o imperialismo provoca a demissão em massa dos trabalhadores, a carestia nas famílias proletárias e camponesas, a destruição dos sindicatos, a aplicação de reformas trabalhistas que atentam contra os poucos direitos do proletariado, a destruição do campo, etc. Em geral, este é o panorama vivenciado pela classe trabalhadora e demais classes que sucumbem frente ao poder dos monopólios. Podemos incluir nesse cenário a juventude que, mais cedo ou mais tarde, irá engrossar as fileiras do proletariado, daqueles que possuem apenas sua força de trabalho para sobreviver...

No que se refere ao México, durante o mês de julho de 2010, a taxa de desemprego alcançou a marca de 15,3% de população desempregada. Isto equivale à 8 milhões 83 mil e 471pessoas sem empregos [1]. Somado a isso, há alguns dias, a Secretaria de Educação Pública (SEP) revelou que 10 milhões de jovens em idade de frequentar a educação média e superior não o fazem por falta de recursos econômicos [2]. Isso são somente cifras, pois a situação da juventude mexicana é mais deplorável. Ainda que o restante dos jovens esteja trabalhando ou estudando, esbarra numa infinidade de obstáculos para seguir seus estudos ou trabalho. Boa parte dessa mão-de-obra é empregada em lojas de serviços, como Oxxo´s, ou em supermercados, como o Walt-Mart e Soriana, que são, no fim das contas, cadeias de supermercados a serviço dos monopólios. Em tais lugares, a juventude é desprovida de todo direito trabalhista, sendo obrigada a realizar todo tipo de atividades. Vale destacar que são atividades que nunca foram especificadas em seus contratos (quando existe um contrato), sejam elas voltadas para a distribuição panfletos, empacotamento de produtos ou carregamento de produtos dos armazéns. A parte da juventude que consegue entrar na escola, se depara com todos os níveis educacionais golpeados por reformas como a ACE (Aliança pela Qualidade Educacional) e a RIEMS (Reforma Integral da Educação Média Superior), que visam modificar os conteúdos de estudo com base nas necessidades do capital. Assim, eliminam disciplinas das ciências sociais e inserem outras que introduzam nos estudantes a lógica do mercado. As universidades públicas se encontram na mesma situação. Ano após ano, o orçamento designado a cobrir os gastos destas instituições é cortado. Todos os governos cortam o orçamento da educação pública, da cultura, do esporte e de todas as demais instituições que necessitam de recursos.

Para o restante da juventude que não estuda nem trabalha, o capitalismo apresenta uma opção. Os jovens enxergam no mercado das drogas, seja sua venda e distribuição ou consumo, uma alternativa. Nos últimos cinco anos, o fenômeno do narcotráfico no México apresentou uma característica elementar: observou-se que a idade da maioria dos traficantes e assassinos não ultrapassa os 24 anos e, em alguns casos, a idade é ainda inferior, chegando a 14 ou 15 anos. São esses jovens que participam, cotidianamente, de enfrentamentos com o Exército Federal. A violência que se vive nas ruas é produto da decomposição deste sistema, pois resulta ilógico querer terminar com a venda e distribuição das drogas. Elas são mercadorias como outra qualquer, já que se vende, se compra e o lucro é garantido. Portanto, a produção e distribuição das drogas segue mantendo o princípio da exploração do homem pelo homem.

Apesar da difícil situação que temos pela frente, acreditamos numa parte da juventude que não está disposta a declara-se derrotada e sem possibilidades de triunfo. Muitos de nós jovens negam o futuro que nos reserva este sistema. Constantemente buscamos maneiras de nos opormos e resistirmos à repressão do Estado capitalista, que utiliza a força policial ou leis que sempre protegem os interesses do capital. Dentre esses grupos de resistência, estamos nós, os jovens comunistas. Depositamos todos os nossos esforços para contribuir com uma mudança revolucionária. Há muitos anos fazemos um trabalho político com a juventude trabalhadora, com os estudantes, com os desempregados, com todos os jovens que são excluídos pelo fato de serem rebeldes. Em todo esse tempo, demonstramos que não nos curvaremos, que não nos dobraremos. Ao contrário: o trabalho cotidiano fortalece a nossa convicção de lutar pelo socialismo-comunismo para o nosso povo. Afirmamos que se uma revolução não destruir os alicerces do sistema capitalista, ou seja, não eliminar a propriedade privada sobre os meios de produção, os vestígios do capitalismo crescerão com mais força. Portanto, aqueles que representam este esforço são jovens comprometidos com o nosso povo e, por isso, percebemos a necessidade da construção da Liga da Juventude Comunista (LJC).

Em vista de tais motivos, declaramos:

A LJC terá no Marxismo-Leninismo o embasamento teórico e de ação, lutando junto ao Partido Comunista do México (PCM).

Enquanto organização, reconhecemos o esforço empreendido pela Federação Mundial da Juventude Democrática (FMJD). Dessa forma, contribuiremos, na medida de nossos esforços, para que se cumpram os acordos que vão de encontro com a luta por uma paz verdadeira, tendo como inimigo comum a ser vencido o imperialismo.

Lutaremos, lado a lado, com todas as organizações comunistas do mundo (Partidos Comunistas e Juventudes Comunistas), principalmente as que se empenham na luta anti-imperialista, antimonopolista e anticapitalista. A LJC é uma fiel representante do internacionalismo proletário e não se furtará, em momento algum, de praticá-lo.

A LJC se propõe chegar a todos os cantos do México, buscando engrossar suas fileiras por parte da juventude trabalhadora, dos jovens estudantes, dos desempregados, dos excluídos, dos que são rebeldes e insubmissos.

Saudamos todas as organizações e movimentos do México que pelejam tenazmente contra o Capitalismo, demonstrando que o povo mexicano possui disposição para a luta revolucionária.

A partir da publicação desta declaração, a Liga da Juventude Comunista estará trabalhando para ser uma organização combativa e de luta. Fazemos um chamado a toda juventude mexicana, para que juntos demos vida a esta organização, pondo todo nosso empenho. Pedimos aos jovens que contribuam, juntos com todos os explorados, para tomarem o futuro em nossas mãos.

ATENCIOSAMENTE,

O Conselho Central da Liga da Juventude Comunista

México Distrito Federal, 8 de janeiro de 2011

E-mail: ljcmexico@gmail.com

Página: www.juventudcomunista.org

1Centro de Análises Multidisciplinares (CAM), Relatório de Investigação N°87: Emprego e Desemprego Durante o Desgoverno de Felipe Calderón 2006-2010 (PRIMEIRA PARTE), México.

2 ¨Aviles Karina, “Aproximadamente 10 milhões de jovens trocam seus estudos por carências econômicas”, La Jornada, México 4 de Janeiro de 2010.

Tradução: Maria Fernanda M. Scelza

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

NOTA DO PARTIDO COMUNISTA DOS OPERÁRIOS DA TUNÍSIA



Por uma Assembléia Constituinte que defina os marcos de uma República Democrática


O povo tunisiano conquistou uma magnífica vitória sobre o tirano, que fugiu do país em busca de refúgio seguro. O Conselho Constitucional, que não é outra coisa senão obra de Ben Ali, anunciou imediatamente que Fouad Mbazaa, presidente do Parlamento fantoche, assumiria a presidência interina até a realização de novas eleições presidenciais dentro de 45 a 60 dias.

O Partido Comunista dos Operários da Tunísia (PCOT) congratula-se com esta vitória conquistada pelo povo graças a sua vontade, sua resistência histórica, seus sacrifícios e o sangue dos mártires.

O PCOT declara:

1. A vitória de hoje é apenas parcial, que só será completa com a realização da mudança democrática desejada e sua consolidação.

2. A mudança democrática não pode, em qualquer circunstância emanar do mesmo partido, que com seus símbolos, instituições, aparelhos e legislação, manteve a ditadura com as pessoas privadas de seus direitos básicos por mais de meio século, 23 anos sob o regime de Ben Ali.

3 Fouad Mbazaa, o presidente interino, é um dos braços de Ben Ali, o presidente de uma instituição imposta por Ben Ali, que de forma alguma representa o povo. A definição de um período de 45-60 dias para as eleições presidenciais visa garantir a continuidade do regime ditatorial, através de um de seus antigos símbolos.

4. O maior perigo hoje seria a manutenção do regime de Ben Ali sob uma fachada democrática para roubar o povo de sua vitória, para privá-lo do seu sacrifício, de suas ambições legítimas de liberdade e uma vida digna.

5. A mudança democrática em todas as suas dimensões política, econômica, social e cultural exige um rompimento efetivo e imediato com o regime tirânico. Isso exige a formação de um governo provisório, ou alguma outra autoridade executiva que realize eleições livres para uma assembléia constituinte, que é a base para uma verdadeira República Democrática, onde as pessoas gozem de liberdade, justiça social e dignidade.

6. As forças políticas, sindicais, culturais, e de defesa dos direitos humanos e todo o nosso povo devem elaborar em conjunto o futuro da Tunísia. Ninguém pode arrogar-se o direito de negociar com o regime em nome das forças que têm desempenhado um papel determinante na derrubada do ditador.

7. É urgente que as forças democráticas envolvidas unifiquem-se sobre a forma órgãos nacionais unificados para uma mudança democrática, cujas prerrogativas sejam para assegurar e salvaguardar as conquistas do povo e exigir a transferência pacífica do poder para o povo.

8. A totalidade das forças democráticas em todo o país devem se organizar em comitês, comissões ou conselhos em nível regional, local e setorial, para organizar o movimento popular e enfrentar as manobras reacionárias, as operações de saque e pilhagem que os grupos suspeitos estão realizando, para aterrorizar os cidadãos e afastá-los de uma mudança democrática, com a finalidade de colocar o destino do povo nas mãos do aparelho repressivo.

9. O exército, que consiste essencialmente dos filhos do povo, é chamado a garantir a nossa segurança e a segurança do país. É preciso respeitar as escolhas do povo e suas aspirações de liberdade, dignidade e justiça social, o que exige o rápido levantamento do estado de emergência, de modo que não seja um pretexto para impedir o povo de perseguir a sua luta legítima e alcançar seus objetivos.

* Por um governo provisório

* Por uma assembléia constituinte

* Por uma república democrática

Partido Comunista dos Operários da Tunísia

Túnis, 15 jan 2011

MEMÓRIA AS VITIMAS DO HOLOCAUSTO

Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto


Em 2005, a Assembleia Geral da ONU instituiu o dia 27 de janeiro como o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. Esta data marca o dia em que as tropas soviéticas libertaram, em 1945, o campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau, na Polônia. A decisão da ONU “condena sem reservas todas as manifestações de intolerância religiosa, de incentivo ao ódio, de perseguição ou de violência contra pessoas e comunidades por causas étnicas ou religiosas e rejeita qualquer tentativa de negação do Holocausto como acontecimento histórico, quer seja total ou parcial”.

Alguns historiadores se referem a Auschwitz-Biekenau como Fábrica da Morte. Embora seja impossível definir o número exato de pessoas assassinadas ali, calcula-se em cerca de 1 milhão as que foram mandadas para as câmaras de gás, a maioria judeus. Em 1944, auge da macabra linha de produção, cerca de 6 mil pessoas eram liquidadas diariamente. Ao libertar o campo, o Exército Vermelho encontrou 8 mil sobreviventes em estado deplorável, quase mortos.

O Reich de Mil Anos imaginado pela cúpula nazista previa a eliminação de alguns grupos, como judeus, ciganos, homossexuais, eslavos e certos doentes (cerca de 100 mil alemães, classificados como “doentes mentais incuráveis”, foram mortos num hospital psiquiátrico), além do banimento/liquidação física da esquerda revolucionária. Unidades especiais do exército alemão, os Einzatzgruppen, foram formadas com essa finalidade. Mesmo quando a Wehrmacht começou a sofrer as primeiras derrotas na URSS, com tremendas perdas humanas e materiais, os nazistas não só não abandonaram como intensificaram a política de genocídio contra os grupos que consideravam “inferiores”. Militares foram deslocados de frentes críticas de batalha para continuar a matança.

O Holocausto foi um evento tão traumático, tão avassalador, que acabou colocando em segundo plano acontecimentos fundamentais para se ter uma visão mais abrangente do nazismo. Eis alguns, condenados, quase sempre, ao rodapé da História:

1. Diferentemente da estratégia militar colocada em ação contra países não eslavos, a invasão da Polônia, por exemplo, inaugurando a carnificina na Europa, incluiu a liquidação sistemática de lideranças civis e intelectuais. Havia planos, jamais executados, de castração em massa das populações do Leste Europeu. Os eslavos eram considerados “impuros” e, por isso, não teriam lugar num mundo arianizado.

2. As chamadas “democracias” da Europa Ocidental foram coniventes na ascensão do nazismo e, mesmo sabendo o que acontecia com as populações judaicas pelo menos desde 1942, nada fizeram para deter o massacre. A política de “apaziguamento” dos anos 1930, a passividade frente ao rearmamento alemão e o cinismo da “neutralidade” durante a Guerra Civil na Espanha deram vitalidade ao expansionismo nazista e abriram a porteira para a barbárie. Os “democratas” apostaram em Hitler como barreira de contenção contra o inimigo comum: o bolchevismo. Para ganhar a guerra ideológica, alimentaram um velho conhecido: o imperialismo alemão.

3. O flerte com o nazismo deu bons frutos depois do fim das hostilidades. A desnazificação da Alemanha foi feita de forma muito seletiva e, em linguagem de hoje, midiática. Alguns figurões foram julgados e condenados a longas penas de prisão ou à morte. No entanto, a grande maioria de funcionários do regime nazista e criminosos provados ficou livre. Os Estados Unidos, que antes da guerra haviam criado fortes obstáculos à entrada dos judeus que fugiam do nazismo, providenciaram, a toque de caixa, leis que facilitaram a vinda de cientistas que tinham trabalhado em projetos militares nazistas. Os casos mais notórios foram os de Werner Von Braun e Ernest Rudolf, incorporados ao programa espacial norte-americano depois de uma providencial amnésia. Documento recentemente revelado pelo New York Times mostrou que a CIA criou um “paraíso seguro" nos Estados Unidos para muitos nazistas, que, não raro, passaram a trabalhar em serviços de espionagem.

Passados 66 anos da libertação de Auschwitz-Birkenau, assistimos com apreensão o retorno de algumas bandeiras caras ao nazismo (embora ele, enquanto movimento de massas marcado pelas tensões sócio-políticas das três primeiras décadas do século passado, esteja morto). A extrema-direita, hoje, continua antissemita e homofóbica, mas acrescentou a islamofobia e a xenofobia à sua plataforma de ódio. Seduz desempregados e setores da classe média que jamais abandonaram ranços de preconceito e supremacia.

Cabe aos setores democráticos resistir. Não basta apenas a memória. É importante articular frentes de luta contra todas as tentativas de legitimar o racismo, o antissemitismo e outras formas de preconceito. Construir um mundo mais justo e fraterno será a melhor forma de homenagear os que foram massacrados nos campos de concentração e extermínio, os que são diariamente humilhados pela fome, os que são agredidos por sonharem com o fim de todos os tipos de exploração, os que são desterrados por governos brutais, os que sofrem discriminação de classe, os que padedecem com o flagelo das guerras.


Diretoria da ASA – Associação Scholem Aleichem de Cultura e Recreação

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Manifesto do Partido Comunista Brasileiro - Janeiro de 2011

(Nota Política do PCB)

        A cada dia que passa, fica mais clara, para todos, a natureza excludente do capitalismo: aumentam as expropriações sobre o trabalho, reduzem-se os direitos sociais, desvaloriza-se a força de trabalho, diminuem as perspectivas para os jovens trabalhadores, pioram as condições de vida da imensa maioria da população mundial, enquanto um número cada vez menor de empresas obtém lucros crescentemente obscenos, ampliando o apelo ao consumo exacerbado e provocando mais destruição dos biomas e dos recursos naturais da terra.
       A atual crise econômica, que não se esgotou nos Estados Unidos e se alastra pela Europa e por outras regiões do planeta, reafirma as tendências do capitalismo: as grandes empresas estão cada vez mais internacionalizadas, buscando explorar novas oportunidades de mercado, salários baixos, matérias-primas e outros insumos de produção mais baratos. Unindo-se aos grandes bancos e forjando fusões, trustes e cartéis dos mais variados tipos, com seus tentáculos espalhados pelo mundo, os oligopólios exploram mais e mais a classe trabalhadora, constituindo enormes e poderosas oligarquias, formando aquilo que Lênin chamou de imperialismo.
        Os governos da socialdemocracia, em todo o mundo, se aproximam mais e mais do pensamento, das proposições e das ações políticas liberais e neoliberais, implementando cortes de gastos públicos, sucateando os sistemas públicos de saúde, educação, previdência, impondo a redução de salários e a precarização dos empregos; a lógica e a fundamentação essencial é a de que o mercado é a melhor estrutura para a organização da economia e da sociedade; o mercado é absoluto e intocável, cabendo aos “mais fortes, mais competentes e mais ousados”, os lucros e frutos de seu esforço e, aos mais fracos, a desesperança.
        Os valores e ideias que sustentam e apoiam tais políticas são os mesmos que justificam o individualismo, a exclusão e a desigualdade social como inerentes à vida em sociedade e ao “ser humano”. Estas ideias e valores, apesar de sofrerem cada vez mais oposição em muitos países, ainda seguem hegemônicas na maior parte do planeta, contaminando, ainda, movimentos sociais e organizações de trabalhadores. O sistema político-eleitoral burguês mais e mais se torna refém dos grandes grupos econômicos que financiam as campanhas dos partidos da ordem e controlam a mídia capitalista. A participação popular fica restrita ao ato de votar.
       Os estados capitalistas mais desenvolvidos, reunidos em blocos políticos e econômicos, apresentam crescentes contradições, oposições internas e disputas entre si, mas seguem sua escalada de ações políticas, econômicas e militares para defender seus interesses estratégicos por todo o mundo, buscando reprimir toda e qualquer manifestação contrária à ordem do capital. Daí a permanente ação de desestabilização, bloqueio e sabotagem de qualquer forma alternativa, sejam as experiências de transição socialista como Cuba, ou mesmo governos populares como os da Venezuela, Bolívia e outros. Esta ação do imperialismo é reforçada pela subserviência descarada de governos vassalos do imperialismo, como o da Colômbia, na América do Sul, e Israel, no Oriente Médio, mas também pelas alternativas moderadas que levam ao pacto social e à neutralização da capacidade de luta dos trabalhadores, como as que ocorreram no Chile com Bachelet ou no Brasil com Lula. Por isso a luta anticapitalista e anti-imperialista exige a solidariedade internacional, não como mero ato de solidariedade, mas como ativa participação na luta contra o império do capital.
     O capitalismo, no Brasil, é monopolista, dispõe de instituições consolidadas e as empresas que aqui atuam estão, em sua grande maioria, perfeitamente integradas à economia mundial. O capitalismo brasileiro atingiu um grau tamanho de maturação que as lutas sociais e a resistência dos trabalhadores na defesa de seus direitos mais imediatos, como o salário, as condições de trabalho, os direitos previdenciários, o pleno acesso a uma educação pública de qualidade, ao atendimento de saúde, à moradia digna, aos bens culturais e ao lazer se chocam hoje não com a falta de verbas ou de projetos de desenvolvimento, mas com a lógica privatista e de mercado que transforma todos estes bens e serviços em mercadorias. Assim é que a luta pelos direitos, pela qualidade vida e dignas condições de trabalho é hoje uma luta anticapitalista.
     O desenvolvimento do capitalismo brasileiro está, de forma profunda e incontornável, associado ao capitalismo internacional, sendo impossível separar onde começa e onde acaba o capital “nacional” e aquele ligado à internacionalização das grandes empresas transnacionais. O desenvolvimento dos monopólios, das fusões, da concentração e centralização dos principais meios de produção nas mãos de grandes corporações monopolistas, nos setores industrial, bancário e comercial, torna impossível separar o capital de origem brasileira ou estrangeira, assim como o chamado capital produtivo do especulativo, já que nesta fase o capital financeiro funde seus investimentos tanto na produção direta como no chamado capital portador de juros e flui de um campo para outro, de acordo com as necessidades e interesses da acumulação privada, sendo avesso a qualquer tipo de planejamento e controle. Não há, portanto, contradição entre o desenvolvimento do capitalismo nacional e os interesses do capitalismo central, pelo contrário, aquele passa a ser a condição do desenvolvimento deste. Por tudo isso, entendemos que a luta anticapitalista hoje é, necessariamente, uma luta anti-imperialista.
       Não há perspectivas, pois, da formação, no Brasil, de alianças entre a classe trabalhadora e a burguesia com vistas à construção de um governo que pudesse desencadear um processo de pleno desenvolvimento social com qualidade de vida e bem-estar, com amplo acesso dos trabalhadores aos bens e serviços essenciais à vida; tampouco existe a possibilidade de uma união entre empresários e trabalhadores brasileiros para o enfrentamento ao “capital estrangeiro”, dada a internacionalização das empresas e do capital em geral e da própria burguesia. Não passa de uma grande falácia a propaganda de alguns partidos ditos de esquerda em defesa de uma alternativa nacional em que se inclua a burguesia, ou seja, no sentido de um “capitalismo autônomo”.
        Somente a alternativa socialista, pela via revolucionária, nos aparece como o objetivo maior a ser alcançado, constituindo o norte balizador de todas as ações e iniciativas verdadeiramente transformadoras. Entendemos que a revolução socialista é um processo complexo e de longo prazo, que envolve múltiplas formas e instrumentos de luta. Para que este objetivo se viabilize, será necessária a união de todas as forças que identificam no capitalismo e no imperialismo as causas mais profundas do quadro excludente atual e os inimigos centrais a serem derrotados, sejam estas forças partidos políticos, grupos, entidades, movimentos sociais ou pessoas que se colocam em oposição à ordem burguesa hegemônica, que defendem a justiça e a igualdade social, que propõem caminhos e realizam lutas e ações políticas no sentido da mudança radical da realidade.
        Faz parte da luta contra a hegemonia conservadora no Brasil a superação da divisão das forças socialistas, populares e revolucionárias. A fragmentação das nossas forças é alimentada não apenas pela capacidade de cooptação e neutralização estatal e governista, pela violenta manipulação ideológica imposta tanto pela grande mídia a serviço do capital quanto pela escalada consumista impingida às camadas trabalhadoras (não de bens e serviços essenciais, mas de bugigangas do reino mágico das mercadorias), mas também pelas dificuldades no campo da esquerda de produzir patamares de unificação mínimos que permitam passar à ofensiva contra a hegemonia burguesa.
       É hora de dar um salto de qualidade na busca de unidade prática dos movimentos sociais, forças de esquerda e entidades representativas dos trabalhadores, no caminho da formação de um bloco proletário capaz de contrapor à hegemonia conservadora uma real alternativa de poder popular em nosso país. Como instrumento organizador coletivo e construtor do caminho revolucionário, propomos a criação de uma Frente Anticapitalista e Anti-imperialista.
       Uma vez criada, esta frente não será propriedade de nenhum partido, organização ou grupo, constituindo-se como móvel estruturador das ações políticas e organizativas nos planos da luta das ideias, dos movimentos de massa e das lutas institucionais. Nem a linguagem a ser utilizada, tampouco as formas de luta a serem empregadas pela frente serão ditadas por esta ou aquela organização, mas construídas em conjunto: as decisões da Frente deverão ser tomadas por consenso.
       O programa político da Frente deverá ser composto pelos grandes eixos de luta de cada plano de ação; não será, assim, apenas o somatório simples das lutas encaminhadas pelas organizações que a compõem, as quais continuarão a levar adiante as lutas específicas que empreendem.

Como bandeiras de luta, sugerimos que a Frente priorize:
* a luta pela reforma agrária e pela reforma urbana;

* a luta pela Petrobrás 100% estatal;

* a luta pela reestatização da infraestrutura produtiva, da geração e distribuição de energia, das grandes empresas industriais e financeiras;

* a luta contra a precarização do trabalho e pela ampliação dos direitos sociais;

* a luta pela expansão da educação, da previdência, da assistência social e da saúde públicas, gratuitas e de qualidade para a totalidade da população;

*  a luta pelo controle estatal das comunicações, para a sua democratização;

* a luta em defesa dos povos e governos progressistas da América Latina e de todo o mundo;

* a defesa do povo palestino pelo seu direito à autodeterminação.

Rio de Janeiro, janeiro de 2011.
Partido Comunista Brasileiro – PCB

OS ROMENOS SEGUEM APROVANDO O SOCIALISMO



Surpresa: os romenos opinam agora que o comunismo realmente existente era melhor do que o capitalismo realmente existente

James Cross -- Qua, 03 de novembro de 2010 18:14
Realizada entre agosto e setembro do presente ano pelo instituto romeno de sondagens de opinião CSOP, a pesquisa mostrava que mais de 49% coincidia em que a vida era melhor sob o governo do falecido líder comunista Nicolae Ceausescu, enquanto que só 23% pensava que a vida hoje é melhor. O resto dava uma resposta neutra ou não sabe/não tem opinião.
As razões oferecidas para a avaliação positiva do período comunista eram principalmente econômicas; 62% mencionaram a disponibilidade de postos de trabalho, 26% as condições de vida dignas e 19% a moradia universalmente garantida.
A pesquisa foi patrocinada pela organização IICMER (Instituto para a Investigação dos Crimes do Comunismo e da Memória do Exílio Romeno), financiada publicamente com o fim de contribuir à labor de "educar" a população sobre os males do comunismo. Entre as decepções mais amargas que os resultados da pesquisa proporcionaram a esta organização se contam respostas à pergunta sobre se os entrevistados ou suas famílias haviam sofrido sob o sistema comunista.
Só 7% dos entrevistados disseram haver sofrido sob o comunismo, com 6% adicionais que, não havendo sofrido dano pessoal, afirmavam que, sim, algum membro de sua família o havia experimentado. Também aqui, as razões oferecidas eram, sobretudo, econômicas: a maioria se referia à escassez que se produziu na década de 1980, quando a Romênia pôs em marcha um programa de austeridade com o fim de reembolsar a dívida externa do país. Uma pequena parte da minoria que havia sofrido durante o período comunista opinava que fora prejudicada ao ser nacionalizadas sua propriedade, e um punhado (6% dos que recordavam más experiências sob o comunismo) dizia que, quando os comunistas estavam no poder, ele ou algum membro de sua família fora detido em algum momento.
Retorcendo discretamente o resultado da pesquisa, o IICMER assinalou que numerosos entrevistados (41% e 42%, respectivamente) estavam de acordo com a afirmação de que o regime comunista era ou criminoso ou ilegítimo. Uma minoria importante (37% e 31%) estava em desacordo de forma explícita com essas afirmações, e o resto se mostrava neutro ou não se pronunciava.
Além disso, ainda que a maioria dos participantes avaliasse positivamente o comunismo - só 27% declarava estar em desacordo com os princípios dele -, a maioria dos que deram uma opinião definida também pensava que as ideias comunistas não chegaram a ser postas em prática da melhor maneira antes da mudança de regime em 1989. 14% dava a resposta inequívoca de que o comunismo era uma boa ideia e de que fora levada à prática da melhor maneira na Romênia.
Assim, pois, uma boa parte dos romenos indecisos sobre se o comunismo foi ou não uma forma legal e legítima de governo e uma grande maioria dos que diziam que o comunismo foi levado à prática de forma incorreta eram, sem embargo, inequívocos quando opinavam que o sistema levado à prática pelo Partido Comunista Romeno, com todos os seus defeitos, oferecia uma vida melhor para as pessoas do que a que oferece o capitalismo de nossos dias.
Logros comunistas
Antes dos comunistas tomarem o poder na Romênia, a maior parte da população era analfabeta e não tinha acesso ao tratamento médico. Unicamente uma minoria da população rural, que era da classe dominante, tinha acesso à saúde ou dispunha de energia elétrica. As taxas de mortalidade infantil se encontravam entre as piores da Europa e a expectativa de vida era inferior a 40 anos devido à inanição e várias doenças. O regime de direita romeno se aliou a Hitler durante a Segunda Guerra Mundial e, no marco dessa aliança capitalista, enviou a maioria da população judia do país aos campos de extermínio nazis.
Alçados ao poder após a vitória soviética contra a Alemanha nazi em 1945, os comunistas romenos, até esse momento um grupo ilegal de luta clandestina contra o governo romeno pró fascista e pró nazis, ascendiam a uns poucos milhares. Apesar disso, lograram mobilizar o entusiasmo das pessoas para reconstruir seu país devastado pela guerra. Acabaram praticamente com o analfabetismo, os serviços de saúde melhoraram e se ampliaram de forma maciça, e - como os entrevistados pelo CSOP revelam - os postos de trabalho, a moradia e os níveis decentes de vida se tornaram acessíveis para todos.
Animado por esses êxitos, o governo comunista dirigido por Nicolae Ceausescu se endividou durante a década de 70 com a compra de equipamentos industriais custosos no Ocidente, a fim de aumentar a taxa de crescimento econômico do país, com a esperança de que os países ocidentais incrementariam suas importações de produtos romenos. Essa estratégia fracassou, e o programa de austeridade implantado então para poder pagar a dívida nacional deu lugar a um ressentimento crescente.
Nicolae Ceausescu e sua esposa Elena foram executados por um pelotão de fuzilamento no dia de Natal de 1989. Sua sentença de morte se ditou depois de um julgamento sumário ordenado pelos novos dirigentes reformistas do país: foram declarados culpados de crimes contra o povo romeno.
Mas, apesar dessa condenação, e ainda que a opinião geral que se reflete nos resultados da enquete CSOP seja que o sistema comunista, tal como se aplicou na Romênia fracassou. Só uma pequena minoria dos consultados na pesquisa (15%) diz que o ex-chefe comunista Nicolae Ceausescu foi um mau líder. A maioria se mostrou neutra ou indecisa a esse respeito e 25% afirma que a liderança de Ceausescu foi boa para o país.
Em sua avaliação dos resultados da enquete, o IICMER observa que os romenos estão muito longe de ser únicos em sua avaliação positiva do comunismo do século passado. Segundo uma enquete realizada em vários países do Centro e do Leste da Europa em 2009 pelo Centro de Investigação estadunidense Pew, a porcentagem de população em países ex-socialistas que considera a vida sob o capitalismo pior do que foi durante o período comunista, é a seguinte:
Polônia: 35%
República Checa: 39%
Eslováquia: 42%
Lituânia: 42%
Rússia: 45%
Bulgária: 62%
Ucrânia: 62%
Hungria: 72%
Particularmente significativo nos resultados da enquete CSOP/IICMER de 2010 na Romênia é que, à medida que adquirem mais experiência na vida sob a "economia de mercado", as pessoas se tornam cada vez mais negativas com respeito ao capitalismo e mais positivas com respeito ao comunismo. Na enquete anterior, realizada em 2006, 53% expressava uma opinião favorável ao comunismo; na de 2010, a porcentagem favorável subía para 61%.
As conclusões da enquete do CSOP não são surpreendentes, se se recorda o sucedido desde que se reintroduziu o capitalismo: uma pobreza crescente, um aumento da taxa de desemprego e da insegurança. O sistema de saúde romeno está atualmente em crise, e os trabalhadores do setor público tiveram seus salários cortados em 25%. 1
Nota:
1Informação técnica sobre esta pesquisa de opinião: 1.133 pessoas maiores de 15 anos foram entrevistados entre 27 de agosto e 2 de setembro de 2010. As entrevistas se realizaram sobre a base de um questionário padronizado, face a face, no local de moradia. Margem de erro: 2,9%.
James Cross é colaborador da revista eletrônica Red Ant Liberation Army News (original em:Romanians say communism was better than capitalism de 24 de outubro de 2010)
Tradução para 
espanhol : Marta Domènech e David López
Fonte: SinPermiso
Tradução para o português: Sergio Granja
Extraído do Portal da 
Fundação Lauro Campos (PSOL

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

SOLIDARIEDADE A PALESTINA


Solidariedade e Luta junto ao povo Palestino: tarefa dos jovens comunistas

O ano de 2011 se coloca como um período fundamental para o aprofundamento dos laços de solidariedade entre a juventude comunista brasileira e as lutas que seguem sendo travadas heroicamente pelo povo palestino. Essa bandeira não pode parecer algo retórico ou evasivo. Deve ser a semente de uma série de ações de solidariedade e denúncia dos crimes contra a humanidade do Estado Sionista de Israel, desenvolvidas de forma permanente. Devemos cavar uma infinidade de trincheiras para combater as políticas belicistas de um estado terrorista, racista, retrógrado e nazi-sionista como o de Israel.

As tarefas para derrotar o colonialismo israelense, sustentado pelo seu tutor e seu parceiro de matanças, o Imperialismo Estadunidense, são imensas e não podem ser deixadas para amanhã. Um jovem comunista pode se questionar sobre quais tarefas deve realizar além da produção de solidariedade, da divulgação em blogs e nos meios de comunicação alternativos e da realização de palestras e debates contra os crimes sionistas e a favor da resistência heróica dos palestinos? O que pode ser feito, para a partir da nossa realidade, conseguirmos contribuir de forma efetiva na solidariedade ao povo palestino?

As opções colocadas acima não devem parecer menores ou menos eficazes, são fundamentais para que a rede de solidariedade se expanda e para que cada vez mais pessoas tenham informações verdadeiras sobre o que acontece na Palestina. Mas começar enfrentando problemas presentes em nosso país pode ser um bom começo, como a denúncia e o combate as políticas desenvolvidas pelo governo brasileiro derrotadas podem causar um impacto significativo no avanço da luta do povo palestino.

A começar pelo desvendamento da suposta “ação de solidariedade” do governo brasileiro em reconhecer formalmente o Estado Palestino nas fronteiras anteriores à guerra de 1967. Se por um lado tem um papel diplomático importante e contribui a pressão internacional pela criação efetiva do Estado Palestino, de outro deve ser analisada na balança de relações que o Estado Brasileiro tem desenvolvido com o Estado de Israel.

Vamos aos fatos. Israel considera o Brasil como uma “nação amiga”, não por identificação ou por humanismo, mas sim por negócios. Durante o governo Lula o comércio entre os dois países quadriplicou. Sendo que três quartos do valor total das transações comerciais origina-se de exportações israelenses. Ou seja, o Brasil através do comércio bilateral envia milhões de dólares anualmente para o Estado de Israel, em outras palavras, manda combustível para a máquina de matar sionista.

Durante o governo Lula, Israel assinou um tratado de livre-comércio com o MERCOSUL, (sendo o primeiro país fora da América Latina a assinar este tipo de acordo), sendo que mais de 50% das exportações israelenses para a América Latina tem como destino o Brasil. Lula foi o primeiro presidente brasileiro a colocar os pés em Israel e recebeu o presidente israelense Shimon Peres, depois de quase quarenta anos sem o país receber o representante máximo do sionismo.

Além desses dados, já extremamente condenáveis, há ainda um componente nesta relação (que tende a se aprofundar nos próximo anos) que diz respeito aos acordos e negócios envolvendo material bélico. No ano de 2009, o Brasil comprou 15 Veículos Aéreos Não-Tripulados (VANTs) de Israel, e a presidenta Dilma Roussef, reiteradas vezes durante a campanha eleitoral, afirmou que pretende aumentar a vigilância das fronteiras brasileiras adquirindo mais destes equipamentos. O “excelentíssimo” ministro da defesa Nélson Jobim, em visita a Israel, no ano passado, afirmou que a aquisição de novos VANTs, está vinculada a estratégia brasileira, e que são os melhores equipamentos para monitorar a Amazônia e o Pré-sal. Não é a toa que no dia 19 deste mês foi divulgada a compra de aviões pela Força Aérea Brasileira (FAB) de teleguiados do modelo Hermes 450, fabricados pela empresa israelense Elbit Systems, sendo que a quantidade e os valores não foram revelados.

Mas estas relações vão além, o governo do estado do Rio de Janeiro, cujo governador é fiel aliado da presidenta Dilma, possui um acordo com Israel para a aquisição de armas, como os “caveirões”, coletes e armamentos de origem israelense. A cereja no bolo desta relação nefasta consiste na busca de parceria do governo brasileiro com Israel para “organizar” a segurança pública em eventos como a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Em novembro do ano passado uma delegação de 70 brasileiros ligados a segurança pública estiveram em Israel para aprender o que há de mais moderno nas tecnologias de repressão e extermínio israelenses.

Um peso e duas medidas. Enquanto o Estado Palestino recebe como apoio do Estado Brasileiro a assinatura de um documento, o Estado Nazi-Sionista de Israel recebe milhões de dólares em negócios, que o permitem estender sues tentáculos terroristas no território brasileiro. Tudo com a complacência e o incentivo do Governo Federal.

A denúncia desta relação Brasil-Israel é uma das principais tarefas dos jovens comunistas na solidariedade ao povo palestino, denunciar não só os crimes de Israel, como também daqueles que o sustentam, seus aliados, parceiros e “amigos”, como é o caso do Estado Brasileiro. A luta e a solidariedade junto ao povo palestino deve se aprofundar neste ano de 2011. A tarefa é árdua contra um inimigo poderoso, mas os jovens comunistas saberão cumprir!

Abaixo as principais bandeiras de luta que devemos empunhar este ano:

- Denuncia dos acordos e das relações comerciais e militares entre o Brasil e Israel;
- Boicote acadêmico, cultural, econômico e diplomático ao estado de Israel;
- Pelo fim do Muro da Vergonha que segrega o povo palestino;
- Pelo fim do colonialismo sionista, com o retorno imediato das famílias palestinas as suas terras;
- Solidariedade com os mais de 7 mil presos políticos palestinos que vivem em condições precárias em cárceres israelenses;
- Pela reparação imediata e compensação por toda destruição executada pelas forças de ocupação israelenses na Faixa de Gaza;
- Derrotar o Estado Terrorista de Israel!
  
 

HOMENAGEM AO CAMARADA ÉDWIN PEREZ


Por: José A. Chiriboga 

Edwin Pérez Chévez nasceu na cidade de Guayaquil, em 24 de outubro de 1973. Cresceu num lar modesto de gente trabalhadora. Sua família tinha migrado do campo para a cidade. Desde muito jovem desenvolveu uma grande afeição pela leitura, incentivada por seu pai. O gosto pela leitura o transformou num leitor inveterado.
Nas eleições presidenciais do ano de 1992, ainda não pertencia a nenhum partido político. Mesmo assim sua decisão foi encaminhar o vota à Gustavo Iturralde e Edison Fonseca, candidatos à presidência e vice-presidência da República, respectivamente, pela Lista 9, da Frente Ampla da Esquerda (Frente Amplio de Izquierda – FADI). Esse foi um antecedente importante, já que anos mais tarde vinculou-se à Juventude e ao Partido Comunista do Equador.
Em circunstâncias difíceis de sua vida, conheceu Pablo Morán, ex-militante da Juventude Comunista do Equador. Morán era considerado um bom amigo. Por meio dele, teve o contato inicial com os ideais da esquerda, além de ler os clássicos do marxismo-leninismo. A proximidade desta ideologia política e de suas propostas gerou uma grande inquietude em Pérez.
Por conta disso, acabou se vinculando ao Movimento Camponês Solidariedade, com o qual trabalhou durante algum tempo. Ao terminar o Ensino Médio no Colégio Particular à Distância “Vicente Rocafuerte Bejarano”, se matriculou na Universidade de Guayaquil, na Faculdade de Jurisprudência, com o objetivo de seguir a carreira de Direito. Lá, conheceu o grupo de jovens da Frente Ampla de Jurisprudência (FAJ) vinculada à Juventude Comunista do Equador (JCE). Graças a afinidade de pensamento político, se une às organizações em 1998.
Pouco a pouco Pérez foi se convertendo numa liderança do movimento estudantil, resultando em sua eleição, várias vezes, para o cargo de Presidente do curso onde estudava e Presidente da Frente Ampla de Jusrisprudência. Também foi eleito inúmeras vezes Delegado da Junta da Faculdade e Delegado da Associação Cultural Universitária (ACU), pela Jurisprudência.
Seu crescimento com líder estudantil fez com que fosse designado pela Juventude Comunista do Equador seu Secretário Geral na Província do Guayas, em 2003, sendo promovido, em seguida, à membro do Comitê Executivo Nacional da Juventude Comunista do Equador, como Secretário de Imprensa e Propaganda.
Converteu-se num profundo conhecedor do marxismo-leninismo e, em consequência, compreendeu a necessidade de trabalhar pelos mais necessitados e lutar por uma nova sociedade, sem exploração, onde exista igualdade, solidariedade e fraternidade. Era grande a sua preocupação com o fortalecimento orgânico, político e ideológico da JC. Assim, realizou algumas atividades referentes à educação política por todo o país. Participou como conferencistas em vários eventos de Sindicatos, Associações de Trabalhadores e a Federação Equatoriana de Indígenas. Em conjunto com outros camaradas, contribuiu com o resgate da História da Juventude Comunista do Equador. Seu trabalho na Imprensa e Propaganda, dentro da JC e do PC também merece destaque. Era um dos entusiastas e criadores do periódico “El Pueblo”, de nosso Partido, e de “Juventud Rebelde”, Órgão Central da JCE.
Posteriormente, em união com outros setores estudantis da Universidade de Guayaquil, integrou à Frente Ampla de Jurisprudência, à Juventude Comunista do Equador e à Coordenação de Movimentos Universitários (CMU), na qual participou de várias eleições para a Federação de Estudantes Universitários (FEUE).
Participou de eventos internacionais de grande importância política para os movimentos juvenis, como o XVI Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes, realizado na Venezuela, no ano de 2005. Buscando a construção e solidificação da unidade juvenil internacional, viajou à Colômbia, Cuba e Líbano, onde teve uma destacada participação, defendendo com paixão o Equador para país sede do XVII Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes. Sua proposta não foi aceita, já que o país escolhido para sediar o Festival foi a África do Sul, devido a inúmeras considerações políticas e sociais. O evento ocorreu em dezembro de 2010.
O título de Advogado dos Tribunais e dos Juizados da República do Equador foi, enfim, obtido e logo após a sua formatura na Faculdade de Jurisprudência, foi convidado pela Juventude Comunista do Equador, pela Frente Ampla de Jurisprudência e pela Coordenação de Movimentos Universitários para exercer o cargo de Assessoria Jurídica e Política destes movimentos. O principal motivo para esse convite foi seu reconhecido conhecimento do movimento estudantil e da Universidade de Guayaquil.
Em novembro de 2008, como resultado de sua grande trajetória na direção estudantil e juvenil, os delegados do VII Congresso Nacional da Juventude Comunista do Equador o elegeram como seu máximo dirigente, conseguindo insertar a Juventude Comunista do Equador, no âmbito nacional e internacional.
Em 22 de maio de 2010, o Partido Comunista do Equador realizou a promoção de uma trintena de jovens comunistas para o Partido Comunista. A citada promoção foi presidida pelo próprio Edwin Pérez, com base em seus méritos como dirigente e militante da JCE. Também participou da Comissão Organizadora do XV Congresso Nacional do Partido Comunista do Equador. Tal congresso precisou ser adiado pelo estado de gravidade em que se encontrava nosso camarada.
Na época, estava empenhado na participação da JCE no XVII Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes. No entanto, a selvagem agressão sofrida e seu posterior falecimento, em 10 de dezembro de 2010, não permitiram uma melhor organização para a participação de muitos jovens equatorianos no evento.
Em 30 de setembro de 2010, dia da intentona golpista de reação contra do governo do Presidente Correa, Pérez liderou a Juventude Comunista do Equador em todo o país. Conclamou os jovens a contra-atacarem o dito golpe, deixando-se entrever o compromisso revolucionário da JCE e do PCE com as mudanças e transformações políticas em curso na América do Sul e Central.
Finalmente, participou como assessor jurídico da Lista B, nas eleições 2010 para a FEUE de Guayaquil. Por estarem infestadas de irregularidades, essas eleições foram impugnadas pela Lista B. Porém, o obscuro e arranjado Conselho Universitário da Universidade de Guayaquil, se omitiu perante o caso e proclamou vencedora a lista contrária (integrada por elementos reacionários da direita e da pseudo-esquerda). Frente ao ocorrido, a Lista B entrou com uma ação de proteção na Corte Provincial de Justiça, que foi aceita pelo Juiz. A resolução mandava repetir as eleições da FEUE, fato que se converteu no motivo de disputa entre os 2 grupos participantes da FEUE. Como consequência, em 25 de outubro de 2010, uma agressão brutal foi empreendida contra a humanidade de Edwin Pérez, resultando em graves danos e, posteriormente, em sua morte.
Um dia antes da vil agressão, Pérez comemorou seu aniversário. Suas últimas palavras foram em agradecimento a seus amigos e camaradas: “Obrigado aos camaradas e amigos pelas felicitações e desejos que me fazem prosseguir... Estudando, organizando e lutando!”.
Nós, camaradas, recordamos de Edwin Pérez como uma pessoa de caráter, que soube conduzir sua organização por um caminho acertado, leal e condizente com seus princípios. Edwin Pérez nunca esmoreceu e sempre incentivou os jovens comunistas serem melhores em todos os sentidos.

Edwin, você será lembrado como um exemplo de valentia e amor à pátria e ao socialismo. 
Nunca esqueceremos de sua contribuição na construção de um novo Equador.
Até a vitória sempre, camarada!!!

Publicado pela Juventude Comunista do Equador – Pichincha.

Tradução: Maria Fernanda M. Scelza